Do dia 31 de março de 1964 até 5 de abril, quando o presidente João Goulart partiu para o exílio, Clodesmidt Riani estava em sua trincheira, na Rádio Nacional, convocando a greve geral em resistência ao golpe que instalaria um regime de terror, entreguismo e arrocho salarial pelos 21 anos seguintes.
Riani era, então, o presidente da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria), presidente do CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) e um dos principais dirigente do PTB. Apenas duas semanas antes, no dia 13 de março, esteve na cabeça da mobilização do comício de seu amigo, presidente Jango, em defesa das reformas de base.
Chegara o momento decisivo da Revolução brasileira: a batalha entre o projeto de desenvolvimento, de libertação nacional, desencadeado por Getúlio, na revolução de 30 ou a submissão ao imperialismo norte-americano, aos monopólios estrangeiros e à sua política de rapina ao trabalho e às riquezas nacionais, desastre que não conseguimos nos livrar até agora. Mas que teve capítulos heroicos como o martírio de Vargas, em 1954, a Rede da Legalidade criada por Brizola, que garantiu a posse de Jango, a CLT, a criação da Petrobrás, da Eletrobrás, a lei de remessas de lucros, entre outros…
Esses e outros momentos históricos são contados por Riani, através “da pena” do jornalista Anibal Pinto, no livro intitulado “As botinas tentaram calar”, que será lançado no dia 22 de junho, na Câmara Municipal de Juiz de Fora, às 19h30, com prefácio da ex-Primeira Dama, Maria Thereza F. Goulart.
Sobre o ser humano Riani, Anibal nos conta que nasceu em 15 de outubro de 1920, filho de operário. Em 1936, foi admitido como aprendiz de eletricista na Companhia Mineira de Eletricidade (CME). Casou-se com Norma Geralda Riani, em 4 de setembro de 1941, com quem teve 10 filhos.
Riani foi preso e torturado, ficou 7 anos na cadeia. Cassado, teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Voltou, participou do 1º Congresso Nacional dos Eletricitários, realizado em Praia Grande (SP), e da 1ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), em São Paulo, em agosto de 1981. Se elegeu novamente deputado estadual em 1982.
Superação. Aos 99 anos recebe alta pós internação por Covid.
O resto da história está para ser contado. Vivemos, novamente, momentos decisivos e dramáticos. Mas não partimos do zero.
CARLOS PEREIRA