“Já acreditei no tratamento precoce. Mas depois do que aconteceu com meu pai, não tomo cloroquina nem que o Bolsonaro invada minha casa e aponte o revólver para minha cabeça”, disse Ney Leprevost (PSD-PR)
O deputado federal Ney Leprevost (PSD-PR), conhecido por suas posições de alinhamento com o governo Jair Bolsonaro, se rebelou contra o uso de cloroquina no combate à Covid-19.
O tratamento precoce com medicamentos sem comprovação científica de eficácia contra o novo coronavírus, como cloroquina, ivermectina e nitazoxanida, tem sido defendido com uma ideia fixa por Bolsonaro, mesmo diante da sucessão de registros de efeitos adversos graves, que têm inclusive levado à morte pacientes submetidos ao procedimento.
“Já acreditei no tratamento precoce. Mas depois do que aconteceu com meu pai, não tomo cloroquina nem que o Bolsonaro invada minha casa e aponte o revólver para minha cabeça”, disse Ney.
O deputado, que atualmente ocupa a Secretaria da Família e Justiça do Paraná, perdeu o pai na última sexta-feira (9), aos 68 anos, por complicações devido ao vírus.
A cloroquina é um medicamento usado no tratamento e profilaxia de malária, que é ineficaz contra a Covid-19.
Sua utilização no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus foi fortemente desaconselhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Bolsonaro voltou a defender o tratamento precoce em visita no sábado (10) a São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal. Ele chamou de “canalha” quem critica a medida.
“Tem muito médico que aplica o tratamento imediato, que é combatido por canalhas. Porque o canalha fala que não serve para nada, mas não aponta alternativa. Deixa o médico trabalhar. O médico tem liberdade para receitar o que ele achar que deve ser receitado com conhecimento e com concordância do paciente”, disse.
A declaração ocorreu após ter sido questionado por uma moradora a respeito das ações do governo contra a pandemia.