Uma atividade realizada por uma professora de História do Colégio Cívico Militar Marquês de Caravelas, de Arapongas, no norte do Paraná, está sendo investigada pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed) por apologia ao nazismo. A atividade foi proposta pela professora de história e bolsonarista Ana Paula Giocondo.
De acordo com imagens divulgadas nas redes sociais da escola, dois jovens vestidos com roupas pretas aparecem ao lado de um manequim com bigode, remetendo à imagem de Adolf Hitler. No vídeo ainda é possível ver uma bandeira vermelha com a suástica, símbolo que estampa a bandeira nazista.
Na publicação, a legenda explicava que a professora estava “desenvolvendo um projeto sobre a 2° Guerra Mundial com os alunos do 3° ano do Ensino Médio” e que eles “tiveram uma tarde cultural entrevistando uma senhora sobrevivente da guerra e todas suas vivências sofridas dessa época tão triste”.
Ainda segundo a publicação, os alunos entrevistaram no trabalho a filha de um soldado nazista, que mora em Rolândia. A gravação foi exibida na escola para as turmas.
A deputada Carol Dartora (PT) cobrou providências ao governo do Paraná. “Além de expor a figura de Hitler na escola com alunos representando o seu exército, ela ainda os levou para entrevistar a filha de um soldado nazista. Nos prints é possível ver a curtida no Núcleo Regional de Educação de Apucarana. Exigimos uma resposta contundente do Governador Ratinho Jr. e da Secretária de Educação do Paraná”, escreveu a parlamentar.
Em nota, a Secretaria de Educação informou que abriu um procedimento de “apuração urgente” do caso.
Veja a íntegra:
“A Secretaria da Educação do Paraná (Seed-PR) está apurando as informações sobre o trabalho de história realizado por alunos do ensino médio do Colégio Estadual Marquês de Caravelas, de Arapongas, que propôs a reflexão sobre a Segunda Guerra Mundial e suas trágicas consequências.
Desde já, a Seed-PR reforça que a apologia a quaisquer doutrinas, partidos, ideologias e demais referências ao nazismo são veementemente intoleradas em qualquer escola da rede estadual, sendo a situação relatada em Arapongas, encarada com extrema gravidade.
A Secretaria instaurou procedimento de averiguação urgente e voltará a se manifestar assim que o levantamento for concluído.”
ATIVIDADE DE CARÁTER DETURPADO
A nota educativa do Museu do Holocausto diz que a atividade teve caráter deturpado e que que há equívocos pedagógicos na proposta. Os historiadores do Museu afirmaram que receberam a notícia da atividade “com espanto e indignação”.
“Dois aspectos da atividade nos chamam atenção: 1) o uso de indumentária, simbologia e decoração associada ao nazismo; 2) a entrevista com a filha de um soldado nazista, chamada, na publicação do colégio nas redes (já apagada), de “sobrevivente”. Analisemos cada uma delas”, diz o texto do Museu.