Cerca de 3,5 milhões de brasileiros não conseguem emprego há pelo menos dois anos
O Brasil tem quase 3,5 milhões de trabalhadores que não conseguem empregos há pelo menos dois anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.
Na análise do primeiro trimestre de 2021, que foi divulgada no final do mês passado (27), o IBGE constatou que o chamado desemprego de longa duração bateu novo recorde. Dos 14,805 milhões de desempregados 23,6%, ou 3,487 milhões de brasileiros estão nesta situação há mais de dois anos – o maior volume da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. No começo de 2020, o Brasil tinha 3,075 milhões de desempregados de longa duração.
O recorde anterior havia sido registrado no 2º trimestre de 2019,com 3,347 milhões de brasileiros nesta situação dramática.
“O desemprego mais longo é resultado das duas últimas crises”, explicou o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/ IBRE), Rodolpho Tobler, em reportagem da Folha S.P, ao declarar que “a pandemia afetou diretamente o mercado de trabalho, mas já vínhamos em um momento que não era bom. Desde 2016, o Brasil tem mais de 11 milhões de desempregados [no total]”,disse Tobler, completando que “as pessoas que já tinham dificuldades para entrar no mercado ficaram com ainda mais dificuldades na pandemia”.
Segundo o IBGE ainda, o desemprego com tempo de procura por trabalho há mais de um ano também bateu recorde no primeiro trimestre. Ao todo 2,557 milhões de brasileiros se encontravam nesta condição, o que representa uma alta de 58,4% em relação a igual período do ano passado, em que havia 1,614 milhão de trabalhadores em busca de uma vaga de emprego há mais de 12 meses.
Ao todo, no Brasil são mais de 33,2 milhões que compõem a chamada taxa composta de subutilização, que inclui desocupados, subocupados e pessoas que não procuraram trabalho por diversos motivos no período da pesquisa. O pesquisador da FGV destaca que para uma melhora do mercado de trabalho “a principal saída é o crescimento econômico, e o mais importante agora é acelerar a vacinação”, concluiu Tobler.