O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos repudiou a desnacionalização da empresa de defesa Avibras para um grupo australiano. Segundo os trabalhadores, a entrega de uma empresa brasileira estratégica para o capital estrangeiro representa um enorme retrocesso para a soberania nacional.
A desnacionalização da empresa, fabricante de equipamentos de defesa, mísseis e com uma grande expertise na área de veículos lançadores, contou com a anuência do governo federal. Para o sindicato, vender a Avibras “significa transferir 63 anos de produção de alta tecnologia para outro país”. “Os maiores beneficiados serão a empresa australiana e o atual presidente da Avibras, João Brasil, que detém 98% do controle acionário”, criticam os trabalhadores que estão sem salário há 11 meses.
Eles relembram que a empresa é fundamental para o Programa Espacial Brasileiro, com fabricação de motores para foguetes. “Além disso, com a injeção de dinheiro público, desenvolveu capacidade de produção de armamentos e equipamentos bélicos, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados. Por seu histórico, é considerada estratégica às aspirações de uma nação que quer ser soberana”.
ESTATIZAÇÃO
Os metalúrgicos ponderam que foram diversas as tentativas de diálogo com o governo para a manutenção dos interesses estratégicos do país. Eles ressaltam que, “para manter em solo brasileiro os empregos e o conhecimento acumulado”, “é urgente que o governo estatize a Avibras.
“Devido à crise enfrentada pelos trabalhadores da Avibras, que estão há 11 meses sem salário, o Sindicato vem defendendo, ao longo desses anos, a estatização da empresa como única saída para manter em solo brasileiro os empregos e o conhecimento acumulado. Porém o que se viu foi a inércia do Governo Federal. Mas ainda há tempo para mudar essa situação. É urgente que o governo estatize a Avibras”.
Veja o texto na íntegra:
Venda da Avibras para grupo australiano é ataque à soberania nacional
A venda da Avibras, principal indústria brasileira do setor de Defesa, está em fase avançada de negociação com a empresa australiana DefendTex. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (1º). O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, legítimo representante dos trabalhadores da Avibras, registra seu posicionamento contrário à entrega de uma empresa brasileira estratégica para o capital estrangeiro. Trata-se de um enorme retrocesso para a soberania nacional, conforme argumentamos abaixo:
Caso a transação se consuma, o novo grupo assumirá a Avibras diante de uma mobilização histórica em curso, com luta por empregos e direitos e greve contra o atraso nos salários. Independentemente da mudança na direção da empresa, o Sindicato seguirá mobilizando os metalúrgicos pela completa regularização da situação, bem como pela estatização da Avibras sob controle dos trabalhadores.
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras é uma das pioneiras no Brasil em construção de aeronaves, programas de pesquisa espacial e desenvolvimento e fabricação de veículos especiais para fins civis e militares. Localizada em Jacareí, no Vale do Paraíba, faz parte do principal centro de tecnologia aeroespacial do país.
A empresa participa do Programa Espacial Brasileiro, com fabricação de motores para foguetes. Além disso, com a injeção de dinheiro público, desenvolveu capacidade de produção de armamentos e equipamentos bélicos, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados. Por seu histórico, é considerada estratégica às aspirações de uma nação que quer ser soberana.
INÉRCIA DO GOVERNO
Devido à crise enfrentada pelos trabalhadores da Avibras, que estão há 11 meses sem salário, o Sindicato vem defendendo, ao longo desses anos, a estatização da empresa como única saída para manter em solo brasileiro os empregos e o conhecimento acumulado. Porém o que se viu foi a inércia do Governo Federal. Mas ainda há tempo para mudar essa situação. É urgente que o governo estatize a Avibras.
Enquanto diversos países investem pesadamente no setor de Defesa, o Brasil e a sua classe dirigente assistem e compactuam com a entrega de sua mais importante empresa do segmento a um grupo internacional.
SALÁRIOS ATRASADOS
Compartilhamos da angústia dos trabalhadores e reafirmamos que o Governo Federal poderia ter antecipado pagamentos de contratos com a Avibras para que os salários fossem regularizados, mas nada foi feito.
Entendemos que, para os funcionários, a notícia da venda da empresa pode representar a esperança de receber os salários. Porém, não há garantia de que os empregos serão preservados e não existe qualquer informação de que os salários serão pagos.
Desde 2022, a entidade sindical envia cartas pedindo intervenção do Governo Federal, que nada fez para resolver a situação. De Jair Bolsonaro (PL) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não houve sequer um plano emergencial de auxílio aos trabalhadores.
O Sindicato reuniu-se, em mais de uma oportunidade, com o ministro da Defesa José Múcio Monteiro e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Apesar de promessas de avaliação do caso, nenhuma medida efetiva foi adotada em favor dos operários da Avibras. Pelo contrário: o Governo Federal chegou a comprar equipamentos de Defesa de conglomerados estrangeiros, desprezando a produção e a geração de empregos nacionais.
PERDAS PARA O BRASIL
Vender a Avibras significa transferir 63 anos de produção de alta tecnologia para outro país. Os maiores beneficiados serão a empresa australiana e o atual presidente da Avibras, João Brasil, que detém 98% do controle acionário.
O incentivo ao capital estrangeiro e às privatizações também prejudicam a classe trabalhadora. Empresas de caráter essencial para o país foram desnacionalizadas e privatizadas, como a Vale do Rio Doce, a Eletrobras e a Embraer.
O Sindicato dos Metalúrgicos reafirma a luta pela estatização da Avibras e, enquanto isso não ocorrer, pelo pagamento de todos os salários em atraso e a garantia dos empregos dos trabalhadores. A luta na Avibras continua!
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região