Um levantamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) aponta que 90% dos pacientes internados na rede pública com Covid-19 são pessoas não vacinadas ou que estão com o ciclo de imunização incompleto. Os dados foram confirmados na última terça-feira (25), data em que a ocupação de leitos de UTI nos hospitais públicos chegou a 100%, durante a manhã. Nesta quarta-feira, os leitos também voltaram a ter a lotação completa.
A porcentagem de não vacinados entre os internados é a mesma que já tinha sido divulgada pela pasta nos dias 12 e 19 de janeiro. A maioria dos que ocupam leitos de UTI é composta por pessoas entre 60 e 69 anos. São 19 entre os 57 pacientes (33%).
Os dados colocam às claras a necessidade de ampliação da vacinação contra a Covid-19 no país e reforçam o combate às fake news e ao negacionismo do governo Bolsonaro, que tenta atrasar a imunização da população.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, não há um recorte específico da porcentagem de internados que não tomaram nenhuma dose da vacina, ou daqueles que receberam a primeira dose. A pasta informou ainda que não sabe o índice de não imunizados entre os mortos neste ano pela doença.
De acordo com a SES-DF, entre os 57 internados em UTI na rede pública nesta terça, 43 são moradores do DF, oito de Goiás, e seis não informaram o local de residência. Todos os pacientes estão nas unidades há menos de 15 dias.
O maior número de leitos está no Hospital Regional de Samambaia (HRSam), que tem 27, todos ocupados nesta terça. Ao todo, a rede pública tem 73 leitos de UTI para pacientes com Covid-19, dos quais 10 estão bloqueados.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) manifestou preocupação com o atual cenário da crise sanitária. “Nós chegamos à terceira onda da pandemia. Ninguém aguenta mais isso”, disse durante a inauguração da unidade de pronto-atendimento (UPA) de Vicente Pires. Ele destacou que o Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha para não deixar a população desassistida e, por enquanto, descartou implementação de medidas restritivas. “Nós estamos abrindo novos leitos e vamos dar conta de segurar toda a saúde do DF. Estamos ingressando com, em torno de, 10 leitos todos os dias na rede pública”, declarou.
Entre segunda e terça-feira, o DF registrou 10.697 casos e quatro mortes. No total, são 579.130 infecções e 11.147 óbitos confirmados desde o início da crise sanitária. Com a atualização, a média móvel de casos chegou a 5.490, o que indica um aumento de 154,85% em relação aos 14 dias anteriores. A mediana de vítimas da doença está em três, valor 50% maior quando comparado com o mesmo período.
De acordo com a pasta, 5.240.307 doses de vacinas contra Covid-19 foram aplicadas na capital, entre 19 de janeiro de 2021 e segunda-feira (24). O DF tem 200 mil pessoas acima de 12 anos sem o registro de início do ciclo vacinal contra a covid-19. Em relação à segunda dose, são cerca de 140 mil pessoas acima de 12 anos que estão aptas a receberem, mas que não foram às unidades de saúde em busca do imunizante. Além disso, cerca de 370 mil pessoas não retornaram para aplicação do reforço.
Atualmente, a campanha de vacinação atende crianças de 5 a 11 anos, com e sem comorbidades. O DF foi a unidade da federação que vacinou a maior porcentagem do público infanto-juvenil. Segundo a secretaria, 12,09% desse grupo recebeu a primeira dose. Na capital federal, vivem 268.208 meninos e meninas entre 5 e 11 anos, e a primeira dose foi aplicada em 32.427.
NEGACIONISTAS
Mesmo com todas as evidências, com as internações pelos não vacinados lotando os leitos e UTIs do país, os negacionistas ainda insistem no discurso antivacina, disseminando fake news nas redes sociais, adotadas e não desmentidas por Jair Bolsonaro.
Na última semana, o portal boatos.org desmentiu três fake news novas que tentaram atribuir mortes e supostas reações adversas das vacinas em crianças. Uma delas, de forma genérica, apontava falsamente que “60 crianças estavam passando mal na Paraíba” por causa dos imunizantes.
Um segundo boato apontava para um “menino que teria morrido por causa da vacina na Paraíba”. O elemento comprobatório da história seria um suposto vídeo de um pai indignado. Não houve a tal morte e o vídeo era de 2019.
Houve, ainda, uma terceira situação no dia 19 de janeiro, em que uma menina de 10 anos, da cidade de Lençóis Paulista, se imunizou contra a Covid-19. No mesmo dia, ela teve um mal súbito e teve que ser internada após sofrer uma parada cardíaca. Sem qualquer prova, grupos antivacinas começam a expor a identidade da criança e apontavam que a ocorrência seria um evento adverso da vacinação. No dia seguinte, a verdade foi revelada. A ocorrência foi causada por uma doença na menina e não por causa das vacinas.
Os ministros de Bolsonaro, Marcelo Queiroga e Damares Alves, no entanto, fizeram uma visita aos familiares da menina para incentivar a disseminação da fake news antivacina