Obras se encontravam em Roma, na Itália, desde outubro de 1979, quando o escritório da Embrafilme foi fechado
O cinema brasileiro comemorou 125 anos nesta segunda-feira, 19, e celebrando a data, o Ministério da Cultura repatriou um importante acervo cinematográfico com 144 obras nacionais, que estava em Roma, na Itália, desde 1979.
Os filmes agora retornaram à guarda da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), vinculada ao MinC.
“Uma vitória da cultura neste dia especial! É muito simbólico que no ano que retomamos o Ministério, que os investimentos no audiovisual voltaram, a gente consiga trazer de volta esse valioso patrimônio do cinema nacional. O retorno desse acervo é um reencontro do país com sua própria cultura, com sua memória e sua identidade. Reforça também a importância do trabalho de preservação e de difusão das obras para os estudiosos e os amantes do cinema, que será feito aqui pela Cinemateca Brasileira”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
O acervo encontrava-se em Roma, na Itália, desde outubro de 1979, quando foi fechado o escritório da Embrafilme na capital italiana. Já em 1990, a empresa foi extinta e sem trazer os filmes de volta ao Brasil, eles ficaram sob custódia provisória da Embaixada do Brasil em Roma que tentou, por décadas, enviá-los de volta ao país.
O envio das obras para o Brasil nunca aconteceu por causa de dificuldades técnicas e o alto custo para o transporte. Tão caro, que se suspendeu a possibilidade de envio via postal e considerou-se mais adequado fazer o transporte por meio de aeronave da FAB.
São filmes antigos e de diversos gêneros, que estão distribuídos em 524 rolos em acetato, equivalente a quase duas toneladas.
O acervo chegou ao Brasil neste sábado, 17, em uma ação que envolveu a Embaixada do Brasil em Roma, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Força Aérea Brasileira (FAB), a Secretaria de Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Nacional do Cinema (ANCINE).
“Não tem nada melhor do que a repatriação desse acervo para comemorar o Dia do Cinema Brasileiro. Um tesouro que agora ficará acondicionado de forma adequada na Cinemateca Brasileira, responsável pela guarda do nosso patrimônio cinematográfico. Lá, os filmes que vieram da Itália logo vão estar disponíveis para sessões, pesquisas acadêmicas e científicas”, destacou a Secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga.
Segundo explicou o Chefe do Setor Cultural da Embaixada do Brasil em Roma, Hudson Caldeira, “É motivo de grande alegria o retorno ao país do importante acervo cinematográfico brasileiro em Roma, guardado pela Embaixada do Brasil desde 1979. É possível que haja ali títulos considerados “perdidos”, dos quais já não existem outras cópias no Brasil”, comemorou Hudson Caldeira.
“Mas, mesmo o retorno de filmes de grande circulação, como o magnífico Vidas Secas, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, deve ser comemorado, pois as cópias que estavam em Roma poderão ser úteis para restaurar matrizes e preservar a nossa memória cinematográfica. Outro benefício da repatriação é a possibilidade de disponibilizar esses filmes para o público em solo brasileiro. Por tudo isso, o retorno do acervo ao Brasil é uma grande vitória da nossa Cultura”, disse o diplomata.
A equipe da Embaixada cuidou da preparação e embalagem dos filmes em 81 caixas de cerca de 26 kg cada, além da contratação de transportadora italiana para levar a carga até o aeroporto de Ciampino, em Roma. A Embaixada produziu também toda a documentação necessária para a repatriação do acervo.
Já de volta ao território nacional, as obras passarão por uma avaliação minuciosa, pra que possam ser disponibilizadas ao público o mais breve possível.
“Todos nós só temos a ganhar com o conteúdo desses filmes raros, que retornam ao Brasil para materializar, em áudio e vídeo, expressões artísticas que fazem parte da nossa cultura, mas que estavam fora do país em local de difícil acesso. O cinema brasileiro ganha um presente valioso, com parte da sua memória e do seu legado recuperados”, avaliou Joelma Gonzaga.
A secretária da SAV pontua ainda o simbolismo da chegada do acervo. “Já são 125 anos desde a primeira filmagem em território nacional. A repatriação desse acervo com filmes históricos é bastante simbólica, nos fazendo lembrar da riqueza, importância e necessidade de valorização das nossas produções”, finalizou.