“Não responderei a Ciro Gomes. Por duas razões: primeiro, tenho respeito e apreço por ele. Segundo, é a minha contribuição para que o campo nacional-popular caminhe unido. Não me cabe acirrar conflitos desnecessários”, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino, sobre a entrevista de Ciro Gomes no programa de Luiz Datena.
A forma como alguns veículos noticiaram a entrevista de Ciro Gomes, na segunda-feira (30), procurando criar “desavenças”, revelou um certo sectarismo, o que, se prevalecesse, ajudaria Bolsonaro na sua cruzada para impedir a criação de uma frente política capaz de defenestrá-lo em 2022.
Ciro Gomes criticou o fato de Flávio Dino ter ido com uma camiseta “Lula livre” para votar no segundo turno. “O Flavio Dino resolveu não apoiar ninguém no primeiro turno. Os três candidatos que ele sinalizava ficaram fora do segundo turno… E vai votar com camiseta ‘Lula Livre’. Essas pessoas, eles perderam um pouco a noção da realidade do nosso povo. Quem ganhou (foi) quem soube interpretar com humildade o sentimento popular”, disse Ciro.
O governador Flávio Dino tinha uma expectativa em relação ao apoio do ex-presidente ao candidato do PCdoB, Rubens Jr., que não se confirmou. O fato é que o apoio de Lula foi inócuo, não conseguiu transferir votos para o candidato do PCdoB, que ficou em quarto lugar.
Mas Ciro empregaria melhor o seu tempo se olhasse o que seu partido, o PDT, estava fazendo em São Luís, onde foi se aliar ao bolsonarista Eduardo Braide.
Portanto, não há lógica no título: “Ciro ataca PT, diz que Flávio Dino perdeu a noção da realidade e chama Boulos de radical”. É só assistir a entrevista para se constatar que a revista Forum, dona do título acima, não se ateve rigorosamente aos fatos. Ciro não atacou os três, Flávio Dino, Guilherme Boulos e o PT. Ao contrário, ele questionou Dino, elogiou Boulos e o contrapôs ao PT.
O governador Flávio Dino é um dos políticos brasileiros que mais vêm se dedicando nos últimos anos a construir essa frente ampla. Ele usa toda a sua habilidade política e o seu prestígio para juntar forças contra a tragédia bolsonarista. Não é à toa que ele foi o primeiro a balizar os sectários, reafirmando sua admiração e respeito por Ciro Gomes.
O desafio de construir uma frente ampla para enfrentar a direita fascista em 2022 está colocado. O governador Flávio Dino, ao abaixar a temperatura no campo dos setores que podem construir tal frente, mostrou seu compromisso com essa tarefa.