“Sinto falta de um administrador da crise, de alguém que coordene todos os esforços”
Ao contrário de Jair Bolsonaro que quer obrigar o povo a se aglomerar nas ruas em plena expansão da doença viral, o presidente do banco Itaú, Candido Bracher, defendeu na quarta-feira (25), em entrevista a “O Globo”, a quarentena como “necessária” diante do cenário atual da pandemia do novo coronavírus (covid-19) no país.
Ele, e todos os brasileiros, estão preocupados apenas com o tempo que será necessário para que o país possa superar a crise.
Bolsonaro e seus seguidores estão desrespeitando as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) e fazendo uma campanha para que todos saiam às ruas. Dois deles, inclusive, foram presos na quinta-feira (26) em Guarulhos, na Grande São Paulo por tentarem obrigar as pessoas a irem para as ruas. Em um pronunciamento oficial dado na noite da última terça (24), Bolsonaro voltou a dizer que a Covid-19 não passa de uma gripezinha. Em seguida, na porta do palácio, disse que o povo brasileiro “pula em cima do esgoto e não pega nada”.
O presidente do Itaú também criticou a forma como a crise vem sendo conduzida pelo governo. Ele afirmou que sente a necessidade de uma figura chave para administrar a crise provocada pela pandemia. “É preciso uma coordenação grande. Não pode delegar o problema nem para o ministro da Saúde nem para o da Economia. Sinto falta de um administrador da crise, de alguém que coordene todos os esforços do governo e possa administrar o arsenal variado de medidas para combater a crise”, declarou ao jornal.
O presidente do banco acredita que neste momento de crise as empresas precisam garantir os direitos de pagamento de salário dos funcionários, e também defende uma renda básica que ampare populações mais vulneráveis. “É uma saída importante. E tem também que cuidar das empresas para elas continuarem pagando a folha de pagamento. Crises acentuam a desigualdade. É papel do governo atuar para mitigar esses efeitos”, disse Bracher.