O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) defendeu a necessidade de reunir uma frente ampla para enfrentar os desmandos de Bolsonaro.
Ele também disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que as conversas para formação da frente “não devem estabelecer prévias”. “Devem ser amplas e abrigar todos que aceitarem dialogar pela formação de um centro democrático para um projeto de um novo Brasil. Não pode ter censura prévia, esse sim, esse não, por alguma circunstância no passado”, continuou.
Em resposta aos vetos ao ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, o governador foi incisivo: “Todos os nomes que possam formar o centro democrático e colaborar para um projeto devem fazer parte. Inclusive Moro”.
Mas ao mesmo tempo em que defendeu, justamente, que não devem ter vetos ou condições prévias, o governador foi contraditório com o espírito necessário à construção de uma frente ampla ao expor um ranço “antiesquerda”, ao fazer críticas genéricas e sectárias à esquerda.
Segundo ele, a sua saída da prefeitura para concorrer ao governo do Estado ocorreu “para evitar a esquerda populista”. “Senão estaria aqui uma pessoa esquerdista”, disse. “Os perdedores [das últimas eleições municipais] foram os extremos nessa eleição. Olhando o Brasil, tanto a extrema esquerda quanto a extrema direita”. “A população votou contra o populismo de direita e de esquerda”.
Pode não ser fácil erguer uma frente ampla, sem restrições a esse ou aquele líder ou partido, que comunguem valores democráticos comuns. Mas é necessário. Isolar e derrotar a direita fascista e “salvar o Brasil” do golpismo e da demência de Bolsonaro não será uma tarefa de uma frente de centro, ou de uma frente de esquerda.