Presidente da Câmara identifica na especulação a origem da intenção de Bolsonro de rebaixar a proteção da população contra o coronavírus
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), identificou, em entrevista coletiva na quarta-feira (25), a origem das pressões que Jair Bolsonaro está fazendo para que as medidas de proteção à população contra a propagação do coronavírus, como o isolamento social, sejam suspensas. Para o deputado, elas vêm dos templos da especulação.
“Minha opinião é que nas últimas semanas nós tivemos uma pressão muito grande de parte de investidores. Aqueles que colocaram recursos na Bolsa de valores, esperando a prosperidade com a Bolsa a 150 mil pontos, a 180 mil pontos. A Bolsa caiu, como caiu no mundo inteiro, porque essa não é uma crise do Brasil, é uma crise mundial que atinge o Brasil”, disse.
Segundo ele, desde a sexta-feira, artigos voltados a investidores começaram a falar da necessidade de não ter isolamento. A partir daí, Bolsonaro aumentou a pressão contra o confinamento. “Nós colocarmos as vidas dos brasileiros em risco por uma pressão de parte de brasileiros que investiram na Bolsa e está perdendo dinheiro, quem foi para o risco, foi para o risco. O que a gente precisa é continuar seguindo a orientação do Ministério da Saúde”, afirmou Maia.
O presidente da Câmara questionou ainda a ideia de isolamento vertical, citada na terça-feira por Bolsonaro. “Como você propõe isolamento vertical se não tem política para isolar idosos de baixa renda”, afirmou. “Não há preocupação para esses brasileiros que vivem em ambientes pequenos, com muita gente que, com certeza, saindo para trabalhar, contaminarão milhares de idosos”, disse.
O parlamentar relativizou sugestões de cortes de salários de servidores públicos, admitidas por ele mesmo antes, e defendeu a ajuda financeira aos mais necessitados para que haja previsibilidade no país. “Se o governo já tivesse resolvido a renda dos brasileiros mais simples, uma política de isolamento dos idosos nas cidades com maior número de comunidade, Rio e são Paulo, se o governo já tivesse garantido a renda do emprego pelo menos daqueles que ganham até o teto do INSS, nós teríamos garantido previsibilidade”.