Ele criou essa farsa para tentar reduzir a alta rejeição ao seu desgoverno. São 32 os países que têm gasolina mais barata que o Brasil (veja ranking). A gasolina mais barata do mundo, ironicamente, é a da Venezuela
Jair Bolsonaro não faz a menor cerimônia em mentir aos brasileiros sobre o preço da gasolina. Tentando reduzir a alta rejeição ao seu governo, ele repetiu nesta terça-feira (4), em reunião com o governador de Minas, Romeu Zema, que a gasolina brasileira é a mais barata do mundo. Ele mente e não cita nenhuma fonte para sustentar o que diz.
CINISMO E MENTIRAS
Simplesmente afirma de sua própria cabeça e quer que as pessoas acreditem. Só que a verdade é outra. Ele mente. Segundo o site Global Petrol Prices, o preço da gasolina brasileira é a 33ª num ranking mundial de preços de gasolina. Há, portanto, 32 países com gasolina mais barata do que a brasileira. E, para ironia do destino, a gasolina mais barata do mundo é, na verdade, a da Venezuela, país muito criticado por Bolsonaro.
Só para citar alguns países que têm gasolina mais barata do que a do Brasil, temos o Equador, a Colômbia, a Bolívia, Angola, Nigéria, a Rússia, etc. A gasolina na Venezuela custa US$ 0.016; na Bolívia, US$ 0.541; na Rússia, US$ 0.875; e no Brasil a gasolina está com o preço de US$ 0.929. Ou seja, não há nenhuma verdade no que Bolsonaro está dizendo.
Isso sem falar nas outras mentiras do farsante em período eleitoral. Ele prejudicou estados e municípios com a redução do ICMS, só para fazer campanha dizendo que a gasolina é mais barata do mundo. Como não foi tão grande a queda, e o Brasil se mantém como o 33º país em preço da gasolina, ele inventou essa mentira de que a gasolina brasileira é a mais barata do mundo.
REDUZIU VERBAS DE ESTADOS E MUNICÍPIOS
Para fazer essa demagogia, ele reduziu as verbas de assistência ao povo, como Saúde, Educação e Segurança, que se mantém com a arrecadação do ICMS. Fez isso para não mexer nos lucros bilionários dos importadores de gasolina.
Bolsonaro também reduziu a arrecadação dos estados e municípios. A verba para Saúde, Educação e Segurança foi cortada drasticamente. Para aprovar a redução das verbas sociais, o farsante prometeu compensar as perdas dos estados e municípios, mas vetou o artigo na lei que garantia a compensação.
Um dos vetos mais cínicos de Bolsonaro foi o trecho da lei que garantia o repasse mínimo constitucional de recursos à Educação, à Saúde e ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), se comparado com a situação em vigor antes da lei. Ele não se importa se as crianças ficarem sem escola. Sua pretensão foi maquiar temporariamente a inflação.
Com essa mesma intenção de tentar reduzir a alta rejeição ao seu desgoverno, Bolsonaro (PL) também faz promessas de benesses em véspera de eleição. Promete com uma mão para, logo em seguida, tirar com a outra. Foi o caso do auxílio emergencial que ele não colocou no Orçamento do ano que vem. Ou seja, aumentou para R$ 600, mas só até dezembro. Depois disso, ele não garante nada.
NÃO COMPENSOU AS PERDAS
O projeto do ICMS aprovado pelo Congresso previa que a União compensaria os demais entes da Federação para que esses mínimos constitucionais tivessem os mesmos recursos de antes. Previa ainda que os estados, o Distrito Federal e os municípios beneficiários da compensação financeira pela União devessem manter a execução proporcional desses gastos mínimos constitucionais.
Tanto é verdade que ele não está nem aí para o sofrimento do povo que Bolsonaro vetou o reajuste das merendas escolares pela inflação. A inflação da cesta básica, que inclui feijão e verduras, teve alta de 26,75% de maio de 2021 a maio deste ano.
A justificativa foi que isso poderia drenar verbas de outros programas e estourar o teto de gastos. Depois, não previu reajuste no Projeto de Lei Orçamentária. Aumentos descabidos de itens básicos, como arroz e carne, estão entre as queixas espalhadas pelo país. Com o alto número de pais sem trabalho, a merenda é uma chance de refeição equilibrada para parte das crianças.
A responsabilidade de custeio da merenda escolar é da União, Estados e municípios, mas a participação federal é importante, principalmente em cidades pobres. Gestores locais dizem que a defasagem do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem feito os municípios gastarem mais. Pior ainda, Jair Bolsonaro cortou 60% da verba para a Farmácia Popular, um programa que garante remédios mais baratos e, até, de graça, para a população mais pobre que não tem condições de comprar