O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que preside o Conselho da Amazônia, ironizou a meta de Jair Bolsonaro para que até 2050 o Brasil pare de emitir gases de efeito estufa: “nós todos já viramos pó”.
Bolsonaro anunciou com pompa a antecipação da neutralidade de emissão de gases do efeito estufa de 2060 para 2050, como se a redução em 10 anos represente muita coisa.
A “meta” de Jair Bolsonaro foi apresentada durante a Cúpula do Clima na reunião convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O vice-presidente Mourão desdenhou a promessa dizendo que isso faz parte e observou que a reunião “tinha desde grandes países até países bem pequenos”.
“É mais uma carta de intenções que cada um colocou. E aí neguinho chega ali: ‘Em 2060…’. Pô, nós todos já viramos pó”, completou, frisando que o objetivo tem que ser parar o desmatamento.
“Essa cúpula de hoje foi uma ação do governo americano para retomar o protagonismo num tema que o governo anterior tinha abandonado. É uma reunião virtual de 40 chefes de Estado dos mais diferentes possíveis”.
Bolsonaro também jogou para o além a meta de parar o desmatamento ilegal para 2030. Em outras palavras, quer manter o desmatamento ilegal por mais 9 anos.
Apesar de coordenar os ministérios para o combate ao desmatamento por meio do Conselho da Amazônia, Bolsonaro ignorou o vice-presidente e não o consultou sobre o discurso na Cúpula do Clima. “Não fui consultado”, admitiu Mourão.
Em seu discurso na Cúpula, Jair Bolsonaro tentou enganar os demais chefes de Estados declarando que seu governo está combatendo o desmatamento e as queimadas no país, mesmo que suas ações mostrem o contrário, como o desmonte do Ibama e das estruturas de fiscalização. Ver 400 servidores do Ibama denunciam: ‘norma’ de Salles obstrui autuação de criminosos ambientais e “Salles patrocinou madeireiros criminosos de forma explícita”, revela delegado da PF
Mourão conversou com o ministro da Defesa, Braga Netto, sobre a extensão do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia, que permite a manutenção de oficiais das Forças Armadas na região para atuar no combate ao desmatamento.
Ele se contrapôs à proposta do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de usar a Força Nacional na região.
“Vi que o ministro Salles estava com a ideia de usar a Força Nacional de Segurança, mas ela utiliza policiais militares dos Estados, é mais complicado. Nosso problema é pessoal e quem tem pessoal são as Forças Armadas”, afirmou Mourão.