
Segundo o IBGE, 12,4 milhões de brasileiros estavam em busca de trabalho na semana encerrada em 27 de julho
A crescente taxa de desemprego atingiu o seu maior percentual dos últimos dois meses na última semana de junho. Foram contabilizadas 12,428 milhões de pessoas sem trabalho segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – que passou a monitorar semanalmente a evolução do desemprego durante a pandemia através da pesquisa especial Pnad Covid.
Isso significa que, em sete semanas, o desemprego cresceu 26%, jogando para a fila do desemprego mais 2,6 milhões de trabalhadores. A taxa de desemprego ficou em 13,1% – a maior desde o começo de maio, quando era de 10,5%.
“Em relação a primeira semana de maio, o movimento também é de queda na população ocupada, aumento da desocupada e consequentemente aumento da taxa de desocupação”, disse a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, explicando que todas as variáveis da pesquisa apontam para um recorde no número de pessoas sem trabalho.
O contingente da população ocupada na quarta semana de junho teve queda de cerca de 1,5 milhão de pessoas sobre a última semana de maio, passando de 84 milhões para 82,5 milhões. O nível de ocupação pôde ser medido em 48,4%, ante 49,4%.
Inseridos na população ocupada, estão os trabalhadores que, sem conseguir emprego formal, atuam na informalidade. Em junho, essa taxa foi medida pelo IBGE em 34,5% da população ocupada, ou 28,4 milhões de pessoas. A pesquisa concluiu através dos movimentos semanais que houve uma queda no número de informais sobre maio, mas um aumento nas quatro semanas de junho diante das incertezas sobre a continuidade do pagamento do auxílio emergencial para quem trabalha por conta própria e perdeu completamente a renda durante o período de fechamento de serviços não essenciais. Segundo o IBGE, é pela informalidade que o mercado de trabalho brasileiro tem se sustentado desde o ano passado. Sem a criação de vagas de empregos formais, é por esta via que os brasileiros têm conseguido a manutenção de suas rendas.
Desalento
Além dos mais de 12 milhões de pessoas contabilizadas na pesquisa como desempregadas, o levantamento coloca à tona outras 26,9 milhões de pessoas que disseram que gostariam de trabalhar, mas não são inseridas na taxa desemprego – já que só é considerado desempregado quem procurou trabalho efetivamente nos dias antecedentes à pesquisa.
Destes, 17,8 milhões disseram que não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por não encontrarem ocupação onde moram. Os demais já se viam impossibilitados de conseguir emprego mesmo antes do coronavírus.
“A pandemia vem, cada vez mais, deixando de ser o principal motivo que as pessoas alegam para não ter procurado trabalho”, avaliou a gerente da pesquisa.
A Pnad Covid, apesar de avaliar também o mercado de trabalho, não é usada como indicador oficial de desemprego do país como é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) por ter características metodológicas diferentes.
Em sua última divulgação, a Pnad Contínua apontou que entre abril e maio, cerca de 7,8 milhões de pessoas ficaram desempregadas no país, com o número total de pessoas sem ocupação tendo chegado a 12,7 milhões. Os dados da Pnad do mês de junho serão divulgados pelo IBGE em 27 de julho.