Quem diria, o cavaleiro andante Donald Trump confessou durante bizarro discurso de mais de uma hora a estudantes norte-americanos – a informação é da Sputnik, assim como a classificação de “bizarro” – que detesta os “moinhos de vento”. No caso, os moinhos de vento a que se refere são as turbinas eólicas, assunto de que Trump se declarou especialista.
O discurso do presidente bilionário foi região de West Palm Beach, na Flórida, onde ele asseverou ter “estudado isso [a energia eólica] mais do que qualquer pessoa que eu conheça”.
Analistas ponderaram que o interesse de Trump sobre o assunto só surgiu quando apareceu uma proposta de instalação de um parque de turbinas eólicas próximo a um campo de golpe que ele possui na Escócia.
A ameaça ao seu belo campo de golfe – numa típica expressão de Trump – parece ter perturbado o velho agiota. “Eu nunca entendi o vento”, filosofou perante sua – provavelmente – espantada plateia.
“Sabe, eu conheço os moinhos de vento muito bem. Eles são barulhentos, eles matam os pássaros. Quer ver um cemitério de pássaros? Vá debaixo de um moinho de vento um dia. Você verá mais pássaros do que viu durante toda a sua vida”, declarou.
Para quem ameaçou de destruição nuclear a Coreia do Norte e o Afeganistão, é quase enternecedora a preocupação do biliardário com os “pássaros mortos” e com “o barulho dos moinhos de vento”.
Mas, na real, é só Trump querendo jogar areia na proposta dos setores mais progressistas democratas de um “New Deal Verde” – o relançamento da América (a exemplo do que foi feito sob a presidência de Roosevelt) através de uma política de fomento estatal de energia não-poluente.
De quebra, fez uma referência ao seu tema predileto, como os outros países estão tirando proveito da América.
“[As turbinas eólicas] são feitas principalmente na China e na Alemanha”, disse Trump. “Mas se você for um conhecedor do assunto, saberá que elas são fabricadas com muita, muita fumaça. Gases são lançados para a atmosfera”, declarou.
“Sabe que temos um mundo, certo? E o mundo é pequeno comparado ao Universo. Então é uma quantidade tremenda, tremenda de fumaça”, disse, em uma aparente alusão ao processo de fabricação das turbinas. Ou, quem sabe, e indecifravelmente, ao Acordo do Clima de Paris, do qual decidiu retirar os EUA.
Segundo o presidente dos EUA, a fabricação de turbinas eólicas pode deixar pegadas de carbono: “Você fala sobre pegada de carbono, fumaça está sendo lançada no ar, certo? Lançada. Quer seja na China, na Alemanha, está indo para o ar. É o nosso ar, o ar deles, tudo, certo?”, explicou Trump.
Se não é o rap do louro doido, fica perto.
Como registrou a Sputnik, a antipatia do presidente dos EUA pelas turbinas eólicas, ou “moinhos de vento”, como ele prefere chamar, não é nova, e no passado ele já atribuiu ao barulho das turbinas doenças como o câncer.
Trump insistiu em divagar sobre os “moinhos de vento”: “cada um tem uma cor diferente. Tem alguns que são brancos, alguns que são brancos alaranjados. Minha cor favorita, o laranja”, comentou.
“Sabe o que eles não dizem a você sobre os moinhos de vento? Passados dez anos, eles ficam horrorosos. Eles começam a ficar cansados, velhos”, acrescentou. Antes que alguém pergunte, vamos esclarecer que ele não entrou na polêmica questão do “engarrafamento de vento”, que motivou muito debate mais ao sul do Equador.
ANTONIO PIMENTA