
“E ele era contra armamento? É falta de caráter! É o mínimo que posso falar desse cara aí! Ficar fazendo campanha na base da mentira?”, acrescentou
Em sua live desta quinta-feira (2), como de costume, Jair Bolsonaro não falou uma palavra sobre os cuidados que o país deve ter com a nova variante do coronavírus. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está insistindo na necessidade de se implantar nos aeroportos o passaporte vacinal para quem chega ao Brasil, mas o governo se recusa a proteger a população brasileira.
Ao invés de falar alguma coisa sobre isso, o capitão cloroquina só esbravejou contra os adversários políticos. Ele estava particularmente furioso contra o ex-juiz Sérgio Moro que acaba de se lançar candidato a presidente em 2022. Bolsonaro estava possesso com o comentário que Moro fez à imprensa esta semana de que o presidente teria comemorado quando o ex-presidente Lula foi solto. Segundo Moro, Bolsonaro teria comemorado a soltura de Lula porque isso seria bom politicamente para ele.
“Um assunto que eu não queria tocar aqui porque mexe com ex-ministros. Mas esse cara está mentindo descaradamente. É um cara que quer ser candidato, é um direito dele, aí em vez de demonstrar o que ele fez, ele fica só apontando o dedo para os outros e mentindo. É o caso do Sérgio Moro. É um papel de palhaço, [de] um cara sem caráter”, acusou Bolsonaro.
DENÚNICA DE QUE MORO É DESARMAMENTISTA
Disse, ainda, que soube pela imprensa que Moro declarou que deveria ter jogado mais duro com a questão de decretos de portarias de armas. “Ou seja, ele é desarmamentista”, apontou Bolsonaro. “Como é que ele aceitou trabalhar no meu governo sabendo que uma das bandeiras minhas foi a questão do armamento? E ele era contra armamento? É falta de caráter! É o mínimo que posso falar desse cara aí! Ficar fazendo campanha na base da mentira?”, acrescentou.
Bolsonaro mencionou também o período do caso que ficou conhecido como ‘vaza jato’ em que as trocas de mensagens dos procuradores Lava Jato foram divulgadas. “O que eu fiz com ele? No dia 11 de junho, para fortalecê-lo, porque ele estava abatido, ele reclamou, né? ‘ah o Delagnol não apagava as mensagens e eu apagava’. Então no dia 11 de junho eu fui a um evento com ele da Marinha para dar moral para ele”, afirmou.
Ele descreveu as mensagens como “vergonhosas trocas de informações que aconteceram na época”. “Eu tive acesso a muita coisa que aconteceu lá. Vergonhosas trocas de informações que eu tive conhecimento depois”, afirmou Bolsonaro. Ele enumerou alguns jogos em que foi assistir ao lado de Moro e atacou o hoje desafeto: “Não sabe nem torcer. Se jogar uma bola para ele, não sabe nem o que fazer”, provocou. “Agora ele está agora atacando dizendo que no dia 8 de novembro de 2019 eu comemorei o Lula livre. Pelo amor de Deus, cara! Falta de caráter!”, continuou.
BOLSONARO DESCARTA CONVERSAR COM PSOL E PCdoB
“Aprendeu rápido, hein, Sérgio Moro!”, prosseguiu Bolsonaro. “Aprendeu rápido a velha política”, acrescentou ele, incomodado com as críticas ao fato de sua demagogia de “nova política” ser desmascarada. “E fica me acusando, negócio de Centrão. Ué, não sabia dos partidos que eu integrei o governo? O tal do Centrão que é um nome pejorativo, são quase 300 deputados. Para aprovar qualquer coisa, você precisa de deputados desses partidos, que são rotulados como Centrão. Como se todo mundo do Centrão não prestasse. Eu vou negociar com o PSOL com o PCdo B? Não!”, afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro afirmou ainda que tem consigo a informação sobre quem vazava as informações do Coaf durante o período da ‘vaza jato’. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foi o órgão que descobriu a lavagem de dinheiro desviado da Assembleia Legislativa do Rio por seu filho Flávio Bolsonaro e seu capanga Fabrício Queiroz.
“Tem [registros] dos procuradores do Moro rindo dos vazamentos do COAF, do meu nome, da minha família para a imprensa. Onde deviam tomar uma providência, só riam. Esse é o Sérgio Moro! Tá aí a vaza jato para bem demonstrar tudo isso aí”, concluiu. Bolsonaro trabalhou desde o primeiro dia de governo para acabar com o Coaf. Ele tirou o órgão da esfera do Ministério da Justiça e o colocou no terceiro escalão do Banco Central.