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Mary Trump retrata uma família tóxica capaz de criar um homem traumatizado e narcisista que representa um perigo para toda a sociedade. Afirma que, para satisfazer sua voracidade, o presidente é capaz de “sacrificar milhares de vidas norte-americanas no altar de sua arrogância e ignorância”
Psicóloga clínica, Mary registra que o presidente é um mentiroso compulsivo e avalia que sua reeleição seria una catástrofe.
Estas e outras contundentes denúncias estão no livro cujo título integral é ‘Too Much and Never Enough: How My Family Created the World’s Most Dangerous Man’ (Demais e nunca o bastante: como minha família criou o homem mais perigoso do mundo), cujo rascunho foi obtido pelo jornal The New York Times e pela agência The Associated Press.
A editora Simon & Schuster, em resenha da obra em seu site, assinalou que ela “lança luz sobre a história sombria da família para explicar como seu tio se tornou o homem que agora ameaça a saúde, a segurança econômica e o tecido social mundial”.
“Quando se publicar este livro, centenas de milhares de vidas estadunidenses terão sido sacrificadas no altar da arrogância e ignorância voluntária de Donald. Se ele obtiver um segundo mandato, será o fim da democracia estadunidense”, escreveu Mary Trump.
A autora é filha do irmão mais velho do presidente, Fred Jr., que faleceu em 1981, aos 42 anos, depois de uma luta contra o alcoolismo. O livro é a segunda publicação nos últimos dois meses de pessoas próximas ao presidente que revelam informações pouco positivas sobre Trump. A outra foi o livro do ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, que a menos de cinco meses das eleições afirmou desde que o bilionário é “ignorante e errático”, até que sequer sabia que a Grã-Bretanha era “potência nuclear” ou que a Finlândia “não era” parte da Rússia.
Na atual publicação, Mary relata que a irmã, Maryanne Trump, fazia as tarefas escolares por ele, mas não tinha como fazer as provas e tinha receio que suas notas, que o colocavam longe dos melhores da turma, “arruinassem seus esforços para ser aceito” na Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia, à qual se transferiu depois de cursar dois anos na Universidade Fordham no Bronx, da cidade de Nova York.
“Para se garantir, Trump escolheu Joe Shapiro, um garoto esperto com fama de ser bom nas provas, para que fizesse a SAT – versão norte-americana do ENEM – em seu lugar”, relatou e acrescentou: “Donald, que nunca careceu de fundos, pagou bem a seu amigo”. A porta-voz da Casa Branca, Sarah Matthews, declarou logo depois que essa afirmação era “completamente falsa”.
O livro traz a confissão de Mary como principal fonte da investigação do The New York Times sobre o envolvimento de Trump em um esquema fraudulento de impostos durante os anos 1990. Ela forneceu ao jornal documentos fiscais confidenciais.
A reportagem que venceu o prêmio Pulitzer em 2019 ao revelar que o mandatário recebeu ilegalmente o equivalente, hoje, a mais de US$ 400 milhões do império imobiliário do pai, o empresário Fred Trump. Segundo o The New York Times, esta é a primeira vez que Trump terá de lidar com graves acusações de alguém da família.
A sobrinha afirmou ainda que o presidente ajudou sua irmã a obter um assento no Tribunal Distrital em Nova Jersey através de seu amigo e advogado, Roy Cohn – e que bajula “qualquer outra pessoa com poder de enriquecê-lo”.
A editora Simon & Schuster, devido à alta demanda após uma batalha judicial sobre o lançamento do livro, já imprimiu 75.000 cópias para vendas a partir de 14 de julho. O irmão mais novo do presidente, Robert, havia pedido à Suprema Corte do Estado de Nova York para bloquear sua publicação, mas um tribunal de apelação suspendeu imediatamente a ordem contra a editora.
Mary Trump está em uma batalha legal na qual é acusada de violar um acordo de confidencialidade. Mas o caso não vai afetar o lançamento do livro.