Em entrevistas para jornais e rádios francesas, a irmã de Marielle Franco, Anielle Franco diz estar assustada com a eleição de Jair Bolsonaro. “Eu estou muito assustada com o que ele vai fazer, mas também tenho medo da atitude das pessoas que votaram nele. Desde domingo houve muitos incidentes de violência no Rio, pessoas xingando, brigando”, confessou Anielle para a Agence France-Presse.
A vereadora e ativista dos Direitos Humanos, Marielle Franco, foi executada junto com seu motorista Anderson Pedro Gomes, com 13 tiros dentro do carro, no bairro do Estácio, no Centro do Rio, em 14 de março deste ano. Os crimes permanecem até hoje sem solução.
Em Paris para participar de eventos da Cúpula Mundial dos Defensores de Direitos Humanos 2018, Anielle falou sobre o crime contra sua irmã e do motorista, o aumento da violência no país e o recente resultado da eleição presidencial no Brasil. O evento reuniu mais de 150 militantes de Direitos Humanos do mundo todo.
Anielle Franco denunciou que sua família está ameaçada e diz estar assustada porque “ele [o presidente eleito] deixa bem claro que vai acabar com qualquer tipo de ativismo”. “Nós recebemos diferentes tipos de ameaça: cara a cara e on-line. Há aproximadamente três semanas, por duas vezes, eu estava com a minha filha em um shopping no Rio e algumas pessoas com camisas do Bolsonaro começaram a gritar, assustando a milha filha que só tem dois anos. Gritavam: “Bolsonaro está chegando e você não vai ter lugar aqui”, “Você deveria calar a boca e parar de falar da sua irmã”, “Você pode ser a próxima morta”. E nas redes sociais, nossa família é muitas vezes ameaçada, como, por exemplo, quando disseram “cala a boca e volta para a escravidão”.
Na opinião da ativista, a eleição de Bolsonaro se deu em grande parte pela rejeição ao PT. “Acho que uma parte da população estava cansada do PT, de Lula e todos os outros. Você pode ficar cansado da corrupção, mas não pode perder a democracia”, disse a ativista, afirmando ainda que eleitores votaram em Bolsonaro, “para acabar com a corrupção, mas não se dão conta de que votaram em alguém que espalha o ódio entre as pessoas, e que isso restringirá os seus direitos e liberdades”.