A Embraer vai demitir 2,5 mil trabalhadores em todas as suas unidades no Brasil. O corte de 900 funcionários, anunciado nesta quinta-feira (3), se soma aos 1600 trabalhadores que aderiram a três planos de demissão voluntária (PDV), que se encerraram na quarta-feira (2).
A fabricante de aeronaves emprega 20 mil funcionários nas unidades paulistas de São José dos Campos, Taubaté, Campinas, Sorocaba, Gavião Peixoto, Botucatu e Campinas, além de fábricas em Belo Horizonte e Florianópolis.
Os motivos para os desligamentos, segundo a empresa, são os impactos negativos da pandemia do novo coronavírus na economia global e o cancelamento da parceria com a americana Boeing.
De fato, é sabido que o setor aeronáutico foi um dos mais afetados com a pandemia, mas a famigerada tentativa de entrega da empresa para a Boeing, que felizmente não deu certo, foi também um golpe para a Embraer, que investiu recursos para a venda, ao mesmo tempo em que novos investimentos deixaram de ser feitos na empresa.
“As perdas geradas pelo processo de venda chegaram a R$ 1,2 bilhão. Já as geradas pela pandemia ficaram em R$ 83,7 milhões”, afirma o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
O sindicato denuncia que as demissões foram feitas sem qualquer negociação com a entidade, “ferindo acordo para preservação de emprego assinado em 9 de abril (cláusula 8.1), justamente num período de calamidade pública provocada pela pandemia do coronavírus”.
“Tínhamos uma negociação às 8h30, cancelaram e comunicaram que fariam os desligamentos. Perguntei quantos eram de São José dos Campos e eles disseram que não sabiam”, disse o diretor do sindicato, Herbert Claros.
A entidade também alerta para a pressão sofrida pelos trabalhadores para aderirem ao PDV. “Nem mesmo o PDV foi negociado. A empresa apenas apresentou o programa, sem aceitar alternativas. Este foi o terceiro PDV aberto pela empresa em menos de dois meses. Nos dois anteriores, houve um total de 450 adesões”, diz nota da entidade.
Segundo a nota, o sindicato recebeu diversas denúncias feitas pelos trabalhadores de que estariam sendo pressionados por gestores da Embraer para que aderissem ao PDV, e o sindicato afirma que o caso está, inclusive, sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho. O sindicato dos metalúrgicos e o sindicato dos engenheiros estão convocando uma assembleia para hoje, às 14h30, na portaria da matriz, na Av. Faria Lima, em São José dos Campos (SP), na tentativa de pressionar a empresa e barrar as demissões.
“É um crime o que a Embraer está fazendo com esses trabalhadores. Enquanto mantém altos executivos com salários milionários, demite 2.500 pais e mães de família que dependem de seus empregos para sobreviver. Não aceitaremos essa medida. Vamos buscar todas as formas de luta para reverter as demissões”, afirma Herbert Claros.