O empresário, representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que denunciou um esquema de cobrança de propina no Ministério da Saúde, presta depoimento nesta quinta-feira, 1º de julho, na CPI da Pandemia.
É uma outra vertente da investigação da comissão sobre a gestão de Bolsonaro na pandemia do coronavírus, que se abriu após Dominguetti Pereira denunciar ao jornal Folha de S. Paulo que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose, em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o Ministério da Saúde.
Segundo Dominguetti, a propina foi pedida pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, exonerado na quarta-feira após a denúncia.
Roberto Dias é ligado ao líder de Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que já foi ministro da Saúde no governo Michel Temer.
A compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca pelo ministério geraria um montante ilícito de R$ 2 bilhões.
A audiência para ouvir Dominguetti foi marcada inicialmente para sexta-feira (2). Porém, na noite da quarta-feira (30), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou pelas redes sociais que o depoimento havia sido antecipado para esta quinta, às 10h.
Assim, o empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, que estava previsto para falar à CPI na reunião de quinta, teve a convocação adiada, sem nova data.
Maximiano conseguiu habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar em silêncio na CPI, como fez o empresário bolsonarista Carlos Wizard no depoimento de quarta-feira (30).
Como a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso, na quarta-feira, Maximiano tornou-se investigado, possibilitando conseguir o habeas corpus no STF sob a alegação de que nessa situação ele tem o direito de ficar calado para não produzir provas contra si.
Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), a abertura de inquérito pela PF foi “uma manobra do governo” para que o representante da Precisa não fosse questionado pela CPI.
A CPI achou por bem postergar o depoimento de Maximiano e antecipar o de Dominguetti.
A Precisa é responsável por um contrato com o Ministério da Saúde para aquisição da vacina indiana Covaxin, que também está sendo investigado pela CPI depois das denúncias de ilegalidades feitas no depoimento dos irmãos Luis Miranda, deputado federal do DEM-DF, e Luis Ricardo Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde.
“O que nos espanta é a velocidade que alguns setores do governo têm quando há intermediários para a compra de vacinas, e quando é para comprar diretamente dos laboratórios a dificuldade é muito grande. Isso aconteceu com a CoronaVac. É diferente do caso da Covaxin e da AstraZeneca agora. Por isso, todo fato que chegar para a CPI iremos investigar”, declarou Aziz.
Os requerimentos de convocação foram apresentados pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE).
“O depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira a esta CPI é imperioso e imprescindível para o desenrolar da fase instrutória e, obviamente, para o futuro deslinde das investigações”, justifica Renan.
Com informações da Agência Senado