“Não é um governo, é um roteiro de tragicomédia”, afirma o senador do Cidadania
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro da CPI da Pandemia, disse que a fiscal do contrato de compra da Covaxin, Regina Célia, do Ministério da Saúde, “acha normal não fiscalizar nada. Não é um governo, é um roteiro de tragicomédia”.
Regina Célia prestou depoimento à CPI na terça-feira (6).
Alessandro Vieira confrontou a servidora indicada pelo governo Bolsonaro sobre sua autorização para a continuidade do contrato mesmo com graves irregularidades.
Um “invoice”, ou recibo, que passou pelas mãos de Regina Célia dizia que o pagamento deveria acontecer para uma empresa que não é citada no contrato e que é sediada em um paraíso fiscal. Célia disse que não era função dela avaliar aquilo.
“Depois de descobrir que a compra de vacinas ficou aparentemente na mão de uma mistura entre estelionatários, corruptos, ignorantes e malucos, hoje [terça-feira] encontramos uma fiscal de contrato que acha normal não fiscalizar nada. Não é um governo, é um roteiro de tragicomédia. Triste demais”, comentou Alessandro Vieira.
A jornalista Maria Beltrão, do GloboNews, disse que “hoje aprendi que fiscal de contrato não fiscaliza contrato”.
O biólogo e divulgador científico Átila Iamarino satirizou.
“Na CPI hoje:
‘Vossa excelência, eu não atirei, eu apertei o gatilho’.
‘Mas apertando o gatilho, o tiro não acontece?’
‘Isso é de competência do departamento de tiro’’’.
Para ele, o governo Bolsonaro “chamou o alvo”, uma vez que Bolsonaro chegou a ligar para o primeiro-ministro Índia, Narendra Modi, para pedir celeridade na venda dos imunizantes produzidos no país, “a bala foi colocada na agulha”, já que o dinheiro para a compra, R$ 1,6 bilhão, foi reservado, “e o gatilho foi apertado”, pois o contrato foi assinado.
“O projétil não acertou o alvo porque a Anvisa barrou o uso e MP [Ministério Público] e TCU [Tribunal de Contas da União] barram a compra”. O governo Bolsonaro suspendeu a compra da Covaxin depois que a denúncia foi levada para a CPI da Pandemia.
O servidor concursado Luis Ricardo Miranda, do departamento de logística do Ministério da Saúde, identificou as irregularidades em um invoice referente ao contrato da Covaxin e denunciou diretamente para Jair Bolsonaro. Bolsonaro, entretanto, resolveu acobertar o esquema e não o levou para a Polícia Federal.
O recibo internacional previa, além do pagamento para uma terceira empresa sediada em um paraíso fiscal, a entrega de uma quantidade menor de doses, o pagamento adiantado e duplicava o pagamento do frete.