Um projeto piloto do Enem Digital aplicado pela primeira vez em 104 cidades do país registrou 68,1% de ausência. Foram 58.489 inscritos que faltaram, diante 34.590 que compareceram ao exame.
Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia responsável pela aplicação da prova, Alexandre Lopes atribuiu a alta taxa de abstenções à pandemia do coronavírus.
“A gente entende que isso é função da pandemia, pessoas que estão em lockdown e não saíram para fazer a prova”, disse, em uma entrevista coletiva onde fez o balanço do primeiro dia do exame.
Lopes destaca que, em 2026, a prova do Enem será 100% digital. Segundo ele, o exame ocorreu no país sem maiores incidentes.
Porém, ele não explicou o erro no sistema que impediu a realização do Enem por candidatos em uma faculdade particular no Distrito Federal, onde os computadores não geraram os códigos de cada inscrito, um procedimento necessário para a abertura do questionário.
A alta abstenção nas provas desta edição do Enem não parece ser um problema para o governo Bolsonaro. Ao contrário. Ao término da segunda prova do Enem tradicional, em 24 de janeiro, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, celebrou a ausência dos participantes e defendeu a economia gerada com a falta dos estudantes.
“Se houve um pensamento de 30% (de abstenção), nós estávamos certos. Porque foi de 51% […] imagine se o Inep tivesse contratado tudo (salas para todos os inscritos)? O valor do dinheiro público que haveríamos de usar…”, declarou.
Além do descaso com aqueles que ficaram do lado de fora da prova, candidatos que fizeram a avaliação no primeiro dia relataram salas lotadas e disseram que não foi cumprido o distanciamento mínimo de um metro entre os estudantes. “De repente a sala ficou cheia. Comecei a ter crise de ansiedade”, disse uma estudante que fez a prova em São Caetano do Sul.
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