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Os trabalhadores dos setores de saneamento e energia elétrica convocaram, para a próxima terça-feira (14), às 9 horas, uma manifestação contra a privatização da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), em frente à Bolsa de Valores “B3”, no centro da capital paulista.
O ato faz parte da campanha “Fevereiro Azul” que terá ações em todo o Brasil como forma de alertar a população sobre o risco da privatização do saneamento no país.
O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) tem alertado que a Sabesp é uma empresa lucrativa e que, além de não depender dos recursos do estado, o governo de São Paulo, como maior acionista, recebe mais da metade dos dividendos pagos por ano, algo em torno de R$ 500 milhões.
“No nosso entendimento a empresa pode ser lucrativa, mas não pode ter como principal objetivo o lucro. O único motivo para se privatizar a Sabesp é contemplar o mercado e a iniciativa privada, que está com grande voracidade em abocanhar este grande patrimônio do povo paulista”, disse José Faggian, presidente do Sintaema.
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Faggian explica que caso seja privatizada, os municípios menores correm o risco de desabastecimento pois, do ponto de vista da geração de lucro, é inviável economicamente pelos altos valores que precisam ser empregados sem expectativa de retorno financeiro. Atualmente, a Sabesp utiliza da lógica de subsídio cruzado, onde os municípios mais rentáveis financiam os deficitários.
De acordo com o sindicalista, cerca de 80% da arrecadação da Sabesp é oriunda de 15 municípios, em especial a capital paulista e a região metropolitana. “Nesse sentido, se a Sabesp for privatizada, com certeza a iniciativa privada vai querer apenas o filé mignon, não terá o compromisso de fazer saneamento nesses municípios pequenos que não têm a perspectiva de retorno financeiro. Estes vão ser os principais prejudicados, serão relegados. Com certeza vão ter grandes prejuízos no serviço de saneamento, consequentemente com a saúde de suas populações, em especial nas periferias, que são as regiões com maior déficit de saneamento”, alerta.
Piora dos serviços à população
O Sintaema tem resgatado as experiências de privatização de serviços de saneamento no território nacional, e chama a atenção para o problema da queda da qualidade do serviço e o aumento das tarifas.
É o caso da cidade de Manaus, cuja privatização do saneamento provocou uma piora dos serviços em todo o estado do Amazonas, uma vez que a capital também fornecia subsídios às cidades menores, como acontece hoje em São Paulo.
“Isso ocorreu há mais de dez anos e Manaus está entre as dez piores cidades em relação ao índice de saneamento, inclusive com apenas 25% do esgoto coletado”, explica Faggian.
A cidade de Itu, no estado de São Paulo, um dos municípios em que o saneamento não é operado pela Sabesp, também sofre com a privatização. “Um exemplo que ficou conhecido nacionalmente é na cidade de Itu em que o serviço de saneamento foi privatizado, a concessionária privada não fez os investimentos, privilegiou os bairros mais ricos da cidade e quando veio a crise hídrica ocorreu uma catástrofe com a população ficando totalmente sem água”, lembra o sindicalista.
Na ocasião, foi exatamente pelos esforços da Sabesp que a população pôde ser atendida, reforçando o papel social da empresa. “Até nesse momento é importante ter uma concessionária pública, estadual, do porte e da capacidade da Sabesp para socorrer municípios que não são operados por ela. Isto, inclusive, é algo que acontece normalmente e a Sabesp presta socorro para municípios em situações difíceis”, defende.
O ato do próximo dia 14 servirá de preparação para a Conferência da ONU sobre Água, marcada para 22 e 24 de março, em Nova Iorque (EUA).