O processo de reabertura das escolas da rede estadual de São Paulo iniciado em 8 de setembro passou pela primeira avaliação. Segundo o secretário da Educação paulista, Rossieli Soares, passados dois meses desde a reabertura, não houve registro de transmissão do coronavírus nas salas de aula das unidades.
De acordo com o governo paulista, até a última quinta-feira (5), apenas 16 alunos foram diagnosticados com a Covid-19, mas os casos acontecidos fora do ambiente escolar foram “isolados” e não houve necessidade de intervenção nas unidades.
“Os casos têm sido monitorados, assim como temos feito o acompanhamento de contactantes, para entender se a transmissão existe e em que ambiente. Não há de transmissão dentro da escola. Os casos foram de dentro de casa ou de algum outro ambiente”, destacou o secretário Rossieli Soares.
O governo do Estado autorizou a retomada opcional nas escolas em setembro, com atividades extras e em cidades que estavam há mais de 28 dias na fase amarela, mas a decisão sempre coube aos prefeitos. Na capital paulista, por exemplo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) só autorizou a volta às aulas no Ensino Médio no dia 3 de novembro.
Até o início desta semana, 1.300 escolas da rede estadual em 219 municípios paulistas vão retomar as atividades presenciais. Do total das unidades que optaram pelo retorno, 500 estão na capital. Juntas, as 1.300 unidades devem atender cerca de 400 mil alunos. O limite de estudantes em sala de aula, no entanto, é de 20% do total ao dia.
“A escola organiza seu plano com seus estudantes, com a sua comunidade para a atividade de retorno respeitando sempre todos os protocolos. Sem eles, nós não autorizamos as atividades. Estamos dando passos vagarosamente, mas com segurança. Temos tido sucesso neste retorno, porque não tivemos nenhum caso de transmissão de Covid dentro das nossas escolas. Fazemos acompanhamento e monitoramento desses dados”, disse o secretário da Educação Rossieli Soares, que esteve na Escola Estadual Milton Rodrigues na manhã desta terça-feira.
A reabertura deve respeitar limites máximos de alunos e protocolos sanitários. Nas redes privadas e municipais, a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental podem ter até 35% dos alunos por dia em atividades presenciais. Para os anos finais dos ensinos fundamental e médio, o limite máximo é de 20%. Na rede estadual, só é permitido o atendimento de até 20% em todas as etapas.
RECESSO
O secretário também anunciou que o ano letivo em 2021 terá início até a primeira semana de fevereiro e que as férias de janeiro estão mantidas. Mas que, neste período de recesso, serão oferecidas atividades de apoio para auxiliar os alunos, com foco em estudantes do 3º ano do ensino médio.
“O ano letivo deste ano termina em dezembro, vamos cumprir as férias escolares no mês de janeiro, entendemos que é muito importante que profissionais da educação tenham uma parada de descanso, inclusive para o próprio estudante. É desligar mesmo. Devemos fechar o calendário, anunciar nos próximos dias, talvez ainda esta semana, o calendário do ano de 2021, que deve ter o início das aulas no máximo na primeira semana de fevereiro”, afirmou.
As condições deste retorno, no entanto, dependem do que dirá a área de saúde do governo em razão da pandemia do novo coronavírus, ressaltou o secretário. “Torcemos que a situação esteja muito mais controlada para que a gente consiga voltar com percentual maior e já de forma obrigatória a parte presencial”, destacou.
Soares afirmou que a rede estadual deverá ter no ano que vem um número de alunos matriculados semelhante ao de 2020, cerca de 3,4 milhões. Ele explicou que a crise financeira que leva muitos pais a procurarem o ensino público para os filhos impacta mais o ensino infantil, a cargo dos municípios.
Ele disse ainda que a administração tem conversado com prefeitos de municípios paulistas que ainda não autorizaram o retorno às aulas presenciais, lembrando as eleições marcadas para este mês.
“De 645 municípios alguns nos não autorizaram retorno presencial, temos trabalhado para conversar ‘olha, vamos separar o que é processo eleitoral, vamos ver quais são suas justificativas para não ter nenhum tipo de retorno’. Estamos falando em volta gradual, com segurança, mas começar a voltar é muito importante (…) Não dá para gente ficar nessa agenda político-eleitoral. Obviamente tem muitos prefeitos que estão fazendo por convicção da área da saúde e a gente tem discutido com cada um deles”, disse.
Escolas em tempo integral
A partir de fevereiro do próximo ano, o Estado terá 400 novas escolas oferecendo ensino de tempo integral, atendendo mais de 500 mil alunos. Antes, São Paulo contava com apenas 364 unidades nessa modalidade.
“Quando a mudança for implementada, teremos o maior número de estudantes em ensino integral do País”, anunciou o governador. De acordo com Rossieli Soares, o objetivo é que, nos próximos três anos, até metade de todos os alunos do Estado estejam matriculados em escolas que oferecem ensino integral. Os alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio da rede pública serão os principais beneficiados com esse plano, que a partir do próximo ano passa a atingir 82 municípios. “Nossa prioridade é transformar escolas maiores e atender o maior número de estudantes no Estado”, afirmou Soares.