Os estados da região Nordeste apresentam as menores taxas de óbito pela Covid-19 do Brasil, segundo o coordenador do comitê científico do combate ao coronavírus do Consórcio Nordeste e professor de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sérgio Rezende, em declaração no último domingo (10).
Das 600 mil mortes pela Covid registradas no Brasil até sexta-feira (8), 117 mil ocorreram na região Nordeste. Segundo Rezende, ainda é um número “absurdamente alto”, mas corresponde a 19,5% do total, enquanto o percentual da população nordestina é de 27,5%.
Individualmente, alguns estados também despontam com as menores taxas de óbitos do país. Enquanto a média nacional de mortes por Covid é de 282 por 100 mil habitantes, no Maranhão essa taxa é de 143/100 mil, o que o torna o estado com a menor média do Brasil. Em seguida aparecem Bahia (181/100 mil), Alagoas (186/100 mil) e Pernambuco (206/100 mil).
De acordo com o coordenador do comitê, os números desafiam os prognósticos de especialistas que, no começo da pandemia, faziam projeções pessimistas para a região. A precariedade das moradias e as aglomerações geradas pelo trabalho informal indicavam uma maior disseminação da doença nos nove estados. A região contornou essas previsões e alcançou as menores taxas de óbitos ouvindo a ciência para tomar as decisões de enfrentamento à pandemia.
O professor também ressalta que a primeira recomendação feita pelo comitê científico do consórcio foi a necessidade de imposição de medidas restritivas e de distanciamento social.
“A outra, sem dúvida, é que os governadores e prefeitos da região rejeitaram o comportamento negacionista do presidente e seu governo e decidiram ouvir a ciência para tomar as decisões no enfrentamento da maior crise sanitária já vivida pelo Brasil”, continuou.
Rezende também atribui esse cenário ao fato de Bolsonaro ter sido derrotado em todos os estados do Nordeste nas eleições presidenciais de 2018. “No Nordeste, ele tem menos seguidores para suas macabras recomendações”, afirma.
Ele também responsabiliza o presidente pela marca de 600 mil mortos pela doença. No último domingo (10), Bolsonaro foi multado pela 8ª vez no estado de São Paulo por não utilizar a máscara em locais públicos. Durante cerimônia no Palácio do Planalto na quinta-feira (7), o presidente também voltou a falar contra a vacinação e as medidas de isolamento social. “Eu talvez tenha sido o único chefe de Estado que fui contra essa política. Falei que tínhamos que enfrentá-la. Ninguém vai ganhar a guerra dentro da toca”, disse Bolsonaro um dia antes do país atingir 600 mil mortes.
