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“O dia 11 de agosto é um dia histórico. Nesse dia, os estudantes derrotaram o Collor, derrotaram o Bolsonaro e hoje estão aqui para revogar o Novo Ensino Médio”, disse o presidente da UMES, Lucca Gidra
Neste 11 de Agosto, Dia do Estudante, mais de 5 mil estudantes ocuparam a Avenida Paulista e ruas do centro de São Paulo pela revogação da reforma neoliberal do Ensino Médio realizada pelos governos Temer e Bolsonaro. O ato acontece em meio à discussão pelo governo federal de uma nova proposta de mudança na grade curricular para o ensino brasileiro.
Os estudantes também repudiam a proibição dos livros didáticos para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). De acordo com o governo, ao invés dos livros, os alunos terão disponíveis slides fornecidos digitalmente pelo governo.
O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), Lucca Gidra, afirma que é preciso que se avance um projeto de garantias de investimento, de formação, de estruturas para a educação pública, sem qualquer precarização do ensino, com a imediata revogação da reforma.
“Nossa manifestação é a maior manifestação pela revogação do Novo Ensino Médio. Desde o início do ano, é a terceira vez que os estudantes ocupam a Paulista para exigir a revogação do novo ensino médio. A indignação, cada dia que passa, cada semana que passa, cada mês que passa, está mais alta dentro das escolas”, disse o presidente da UMES.
“Queremos uma escola com estrutura, sem falta de professores, com todas as matérias, sem aula de brigadeiro caseiro ou qualquer itinerário que atrapalhe na nossa formação. Queremos uma educação que ajude os estudantes de escola pública a conseguir entrar na universidade e ter trabalho digno!”, diz o chamado da UMES.
O ato foi convocado pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), que celebrou 86 anos desde a sua fundação neste 11 de agosto.
“Hoje os estudantes escolheram fazer a aula na rua, pela revogação do novo ensino médio. A nossa manifestação conta com estudantes de todos os cantos da cidade, de mais de 100 escolas, para dizer que não agüentamos mais. Precisamos achar outra solução, um novo projeto, que tenha no centro o investimento, estrutura pras escolas, garantia de todas as disciplinas e garantia de um ensino digno, que possibilite os estudantes entrar no mercado de trabalho, mas não esse mercado de trabalho precarizado do Temer, ou do Bolsonaro, mas o mercado de trabalho digno, com indústria e com desenvolvimento nacional, além de possibilitar que os estudantes acessem a universidade, produzam ciência, cultura e consigam alcançar uma vida melhor”, ressaltou Lucca.
De acordo com os organizadores, o ato contou com mais de 5 mil jovens da capital e de outras cidades da região metropolitana de São Paulo. Também se somaram às entidades estudantis representantes do movimento sindical, entidades dos movimentos sociais, como o Sintaema (Sabesp), ADUSP, CTB, Apeoesp, Sinteps (Centro Paula Souza), os DCEs da USP, UFABC, FMU, UNIP, grêmios e representantes de mais de 100 escolas da capital paulista, além de juventudes partidárias e os deputados estaduais Guilherme Cortez e Simone, da Bancada Feminista (PSOL).
“Essa manifestação gigantesca, os estudantes estão dando recado. O dia 11 de agosto é um dia histórico. Nesse dia, os estudantes derrotaram o Collor, derrotaram o Bolsonaro e hoje estão aqui para revogar o Novo Ensino Médio”, disse Lucca.
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BRASIL SÓ VOLTARÁ A CRESCER COM INVESTIMENTO
A nova presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, se mostrou emocionada com sua primeira manifestação à frente da entidade e afirmou que o país só voltará a crescer com investimento na educação. A entidade, que se mostrou fundamental ao longo da história brasileira, celebrou 86 anos neste ato de rua.
“Estamos muito extasiados, muito felizes no dia de hoje, são 86 anos da UNE, não são 86 dias. Aqui em São Paulo o ato está gigantesco, estamos indo às ruas pela defesa do orçamento da educação e pela revogação do ensino médio, pra mostrar que o Brasil só vai voltar a crescer se a gente investir em educação, colocar ela como base para o desenvolvimento do país. É o primeiro ato da minha gestão na UNE e estou muito feliz porque esse é só o primeiro, vai ter ato em todo Brasil”, disse.
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“Todo assunto referente ao movimento secundarista, com as escolas, a gente fala que pra chegar na universidade, pra chegar na pós-graduação, precisa passar pela escola. E que escola é essa que tira o livro didático físico e coloca o livro e o ensino virtual? Essa é uma medida de alguém que não entende a realidade do estudante, a realidade das escolas. Na pandemia, o número de evasão escolar quase que triplicou na história do Brasil, porque ainda temos uma grande desigualdade, em relação ao acesso ao material digital, em relação ao acesso à escola. Então, nós precisamos de medidas que façam com que os estudantes permaneçam na escola, assistência estudantil, o Bolsa Escola, é isso que a gente precisa. Então, a gente tá junto com a UBES nessa luta. Educação pública de qualidade nas escolas e na universidade”, ressaltou a presidente da UNE.
REDUÇÃO DE JUROS E DESENVOLVIMENTO
Jade Beatriz, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), destacou a necessidade de se manter nas ruas para garantir avanços na Educação. “Ocupar as ruas, ocupar todos os espaços possíveis e hoje é um dia histórico! A maior manifestação da história pela revogação do novo ensino médio e dessa vez a gente acredita que nos próximos dias ela possa vir a ser revogada para ser apresentado um novo modelo de Educação”, afirmou
Caio Guilherme, diretor de Ciência & Tecnologia da UNE, avaliou que “hoje tivemos mais um dia importante na luta dos estudantes. Do ano passado para cá, vemos que o cenário é completamente diferente, há um ano atrás a luta era contra Bolsonaro, fora Bolsonaro, e nós vencemos. E hoje a gente consegue reivindicar a revogação do ensino médio, consegue comemorar a aprovação da lei de cotas por mais dez anos”.
“Hoje temos um cenário em que o Brasil tem o potencial para voltar a crescer, e o movimento estudantil está organizado, está na luta e vai cobrar tudo que for necessário mesmo com esse governo. Redução da taxa de juros também é fundamental no próximo período, insuficiente o que caiu na última reunião do Copom, mas vamos continuar na luta”, ressaltou.
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NOSSO FUTURO ESTÁ EM JOGO
Luisa Martins, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), ressaltou que o “ato tem o objetivo de denunciar os malefícios dessa deforma do ensino. Os estudantes de todo o país, especialmente para os do estado de São Paulo. Dessa vez a gente veio brigar pela revogação do novo ensino médio, mais uma vez a gente está nas ruas desde 2016 pedindo pela revogação e falando do perigo que é o novo ensino médio para os nossos estudantes e para o futuro da nossa juventude”.
Gabriela Beraldo, vice-presidente regional São Paulo da Associação Nacional dos Pós Graduandos (ANPG), relembra que a luta em defesa da educação é fundamental para construir a ciência que o país precisa.
“Os pós-graduandos se somam a luta dos estudantes secundaristas porque a gente sabe que precisamos ter uma educação de qualidade desde o ensino básico até a graduação, para chegar na graduação e poder construir a ciência que o Brasil precisa. A gente volta para dentro das nossas universidades pra lutar por inovação, por tecnologia que seja construída pro nosso Brasil, e a gente só vai conseguir colocar o povo dentro da ciência com uma educação de qualidade”, afirmou
“Nós que somos trabalhadores da ciência, mas também estudantes, nos encontramos com todos os estudantes do Brasil pra exigir a revogação do novo ensino médio, pra exigir a recomposição do orçamento da educação pra que a gente possa um dia ver todos esses estudantes, que tão aqui hoje, com a gente, em São Paulo, da pós-graduação produzindo ciência da melhor qualidade, que contribua pro desenvolvimento do nosso país, que contribua pro avanço tecnológico do nosso país e contribua também pra avançar nossa nova nação”, ressaltou Gabriela.
LIVRO DIDÁTICO, DIREITO DOS ESTUDANTES
Os estudantes também denunciam o ataque de Tarcísio de Freitas contra a educação de São Paulo. Após anunciar o corte de R$ 9 bilhões no orçamento da área, o governo estadual abandonou o Programa Nacional do Livro Didático e afirmou que os estudantes do ensino fundamental 2 e do Ensino Médio passaram a receber o conteúdo das aulas por meio de slides.
“Estamos com pautas importantes para discutir sobre o Governo do Estado, porque o Governador está querendo cortar R$ 9 bilhões da Educação, o que representa 15% do orçamento, o que vai ser um grande ataque à educação aqui do estado, além da retirada dos livros didáticos que ele vem fazendo. Não vamos aceitar a retirada de livro nenhum, queremos que os professores tenham liberdade para escolher os livros que eles quiserem pras suas aulas e que a gente possa ter uma educação de qualidade, sem exclusão, porque a digitalização pode ser uma forma de incluir, mas também é muito usada principalmente para excluir, por meio desse setor empresariado com interesses, que fica querendo meter a mão na educação pública”, criticou o presidente da UMES.
Jade Beatriz afirma que é preciso combater esses desmandos, pois além do descaso de Tarcísio que não garante o acesso e a qualidade do material com os estudantes, ainda há um conflito de interesses que é preciso ser combatido no estado de São Paulo.
“Falar sobre a digitalização do ensino, sem falar do acesso, é muito hipocrisia quando Tarcísio fala que ele vai tirar os livros físicos e colocar os livros digitais, sem garantir que esses estudantes tenham acesso à internet, à tecnologia, a materiais digitais, é muito absurdo, pois a gente fala muito sobre o acesso à educação e o livro didático ele permite isso. Então, se for pra ter acesso ao ensino digital, que a gente tenha também acesso aos materiais digitais, mas com condições que garantam o uso”, disse.
SECRETÁRIO MULTILASER
Luisa Martins relembrou as denúncias que vieram à tona dos casos de corrupção envolvendo o secretário da Educação, Renato Feder. Ele é dono da empresa Multilaser que possui contratos assinados com governo de São Paulo mesmo após a sua nomeação.
“Aqui em São Paulo a gente tem um governo que vem destruindo cada vez mais a educação, o Feder, que foi escolhido pelo Tarcísio para ser Secretário de Educação do estado é um dos sócios da Multilaser, a empresa que oferece os aparelhos tecnológicos para as escolas de São Paulo, e eles recusaram os livros do Plano Nacional de Livros Didáticos do nosso país, os livros que são oferecidos pelo MEC para recorrer aos livros digitais que serão utilizados por esses aparelhos da empresa do Feder. A gente está aqui para dizer que não vai passar, nada que coloque em risco as nossas escolas, nada que coloque em risco a didática dos nossos professores, porque a gente quer os nossos livros didáticos na mão, a gente quer uma educação que seja transformadora, que as ETECs parem de cair aos pedaços, que os professores sejam mais valorizados. E o Dia do Estudante é o dia que a gente sai para as ruas para ecoar a nossa voz para todas as ruas de São Paulo e de todo o estado”, destacou a presidente da UPES.
“São Paulo é um dos estados mais desiguais do Brasil. Então isso só faz com que a gente consiga afastar cada vez mais os estudantes de dentro da escola pública. Assim como o Federer está fazendo. Ele saiu do Paraná depois de ter sido sucateado em todas as escolas, militarizado na maioria das escolas, para vir a São Paulo. E estamos aqui pra dizer que em São Paulo esse projeto não vai dar certo, porque a UBES não vai deixar, que ele pode ser dono da Multilaser, que ele pode ser dono de qualquer propriedade privada, só que ele não vai vender nem um sonho dos estudantes das escolas públicas de São Paulo”, ressaltou Jade Beatriz, da UBES.
TRABALHADORES E ESTUDANTES UNIDOS
Representantes de sindicatos também se somaram à luta nesta sexta junto aos estudantes e denunciavam os desmandos contra a educação, aos serviços públicos e ao povo brasileiro.
José Antonio Faggian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) denunciou os ataques de Tarcísio aos serviços públicos e que é preciso combater esses desmandos, junto aos estudantes e a sociedade.
“É um importante ato dos estudantes, pela revogação dessa reforma do ensino médio, mas creio que é importante a gente entender essa luta deles, num contexto mais geral, que a gente passa hoje no estado, de um ataque aos serviços públicos, aos transportes, saneamento, a educação, a saúde e tudo isso hoje está sob ataque. E nesse sentido, embora hoje seja uma luta específica contra a reforma do ensino médio, é importante que todos os movimentos sociais, estudantes, trabalhadores, eles se unificam em torno dessa luta, na defesa dos serviços públicos, porque quem usa esses serviços públicos são a classe trabalhadora. Os filhos dos trabalhadores vão pra escola pública, o trabalhador usa o transporte coletivo, precisa de um serviço de saneamento com uma tarifa adequada e uma qualidade como o da SABESP”, afirmou Faggian.
“Então esse ato hoje junto com todo movimento que a gente tá construindo no Estado eles vão neste sentido, de derrotar esse projeto que Tarcísio tenta implementar no estado, que é contra os interesses da classe trabalhadora e colocar um debate que leve os interesses do povo, com mais saúde, educação, um transporte coletivo mais barato e saneamento público com qualidade”, continuou o presidente do Sintaema.
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COMBATE À DESIGUALDADE PASSA PELA REDUÇÃO DOS JUROS
Ubiraci Dantas, mais conhecido como Bira, vice-presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), participou do ato e criticou a reforma do ensino, afirmando o quanto é excludente essa proposta de ensino.
“O ensino público tem de ser de qualidade para todo o povo, com oportunidade para nossa juventude. Derrotar essa nova reforma do ensino médio é uma questão chave para que se possa ampliar a integração de toda juventude do Brasil, dentro das escolas, nas universidades, no geral. Com esse novo ensino médio, isso é excludente, tira a oportunidade. Então, essa luta é fundamental” disse.
Bira afirmou ainda que é preciso reduzir os juros para alavancar o país e garantir os direitos da população brasileira. Com os juros altos, não dá para ter investimento e a garantia de direitos do povo.
“Da mesma forma, a situação do povo, fruto de quatro anos de Bolsonaro, está muito difícil ainda. Desemprego altíssimo, miséria, fome, desgraça pra tudo quanto é lado. Elegemos um novo governo, estamos caminhando pra frente é verdade. Agora, vem a Folha querer um fazer um pacto contra a desigualdade. Depois que você lê o documento, não fala uma palavra sobre a redução do juros, não fala nada sobre o arcabouço fiscal, o engessamento dos recursos, os investimentos públicos, ou seja, não toca na questão econômica, não tem como acabar com a desigualdade com juros de 13,25%, não tem como acabar com a desigualdade botando R$ 800 bilhões na mão desses cara que não produz um prego que é o sistema financeiro internacional”, afirmou Bira.
“Então é o seguinte, para ter pacto contra a desigualdade é necessário reduzir os juros, acabar com o tripé macroeconômico, com esse câmbio fajuto que está prejudicando a nação. Então estamos aqui pela CTB, viemos aqui dar essa força, estar junto com os estudantes nessa luta, que tem compromisso com o país e nós estamos juntos pra fazer um Brasil melhor”, completou o vice-presidente da CTB.
ANDRÉ SANTANA
TIAGO CÉSAR