Milhares de estudantes tomaram a Avenida Paulista, nesta terça-feira (18), como parte da mobilização nacional contra os cortes de Bolsonaro na Educação. Os manifestantes se concentraram no vão livre MASP e seguiram em manifestação até a Praça Roosevelt, com palavras de ordem em repúdio ao desmonte promovido pelo governo nos últimos anos.
“Esse é o recado dos estudantes brasileiros, que querem educação de qualidade. Esse é o recado dos estudantes, que não aguentam mais o descaso do atual governo com a nossa geração. O nosso sonho de diploma na mão, de ser o primeiro ou a primeira da família a entrar na universidade, não pode ser negado”, afirmou Bruna Brelaz, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).
De acordo com a UNE, foram realizados mais de 100 atos pelo país, com mais de 1 milhão de estudantes. Em São Paulo, o ato foi marcado pela presença das entidades estudantis, que saíram às ruas empunhando faixas, cartazes e bandeiras do Brasil. “A bandeira é nossa, o Brasil é nosso, e não será nenhum fascista que vai dizer o contrário”, afirmou Bruna, destacando que no dia 30 de outubro, os estudantes vão mandar para casa o “inimigo número 1 da Educação, elegendo Lula presidente”.
Para Lucca Gidra, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), “o ato foi gigante e mostrou que o movimento estudantil não sumiu, que está presente nas praças, nas avenidas, nas ruas, nas escolas e nas universidades para mostrar que tudo que o governo faz vai ter uma resposta. E a resposta hoje foi nas ruas”, afirmou. “E no dia 30 a resposta vai se dar nas urnas e vamos conseguir derrotar o governo que mais atacou a educação, que mais destruiu a educação em tão pouco tempo. E vamos conseguir de uma vez por todas garantir que a democracia prevaleça no nosso país”, completou Lucca.
Os atos desta terça-feira começaram com protestos nas capitais e nas portas das universidades, denunciando o sucateamento da educação no país. Marcos Kauê Ferreira de Queiroz, presidente do Centro Acadêmico de Educação Física da USP e diretor da UNE, lembrou que “desde 2019 estamos discutindo sobre como Bolsonaro tem sido o maior inimigo da educação ao comandar os sucessivos cortes na educação e na ciência. Foram quatro anos de cortes, confiscos e desorganização. Bolsonaro não tem vergonha nenhuma de demonstrar que a educação não é uma prioridade, de falar que a universidade não deve ser para todos, e isso que mobilizou todos esses estudantes”, afirmou.
No início do mês, o governo Bolsonaro anunciou, por meio de decreto, o corte de R$ 10,5 bilhões no Orçamento do Executivo, sendo R$ 3 bilhões do orçamento do Ministério da Educação (MEC). Desses, cerca de R$ 147 milhões foram cortados dos colégios federais e R$ 328 milhões deixariam de ir para as universidades. O decreto reduziu, ainda, recursos dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações, com R$ 1,7 bilhão de corte; da Saúde, com R$ 1,6 bilhão; do Desenvolvimento Regional, com R$1,5 bilhão; e da Defesa, que teve R$ 1,1 bilhão de corte em seu orçamento.
Após pressão de reitores e estudantes e consequente repercussão negativa do bloqueio, o governo foi forçado a desistir da decisão. Agora, os estudantes mantêm mobilização geral para garantir que os recursos cheguem de fato às universidades.
“Estamos nas ruas para denunciar os cortes na Ciência e Tecnologia e na Educação que Bolsonaro fez agora, no primeiro turno das eleições. São R$ 600 milhões do FNCT que ele tirou do orçamento”, disse Mariana Moura, representando os Cientistas Engajados.
Mariana alerta que apesar do governo acenar com o recuo por meio do ministro da Educação, Victor Godoy, os recursos ainda não foram devolvidos à pasta e sequer há certeza de que será. “Bolsonaro mentiu, disse que não ia cortar, mas não devolveu o dinheiro ainda. É fake news, disse que ia devolver, mas não devolveu o dinheiro da educação brasileira”, completou Mariana.
Para Vinícius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), “não tem como construir um Brasil democrático, gerando oportunidades para a juventude, com Bolsonaro por mais quatro anos no poder. Por isso os estudantes estão nas ruas hoje. Por ‘fora Bolsonaro’, em defesa da democracia, da educação e da ciência e tecnologia”, afirmou.