Entidades estudantis e de trabalhadores da Educação realizaram manifestações em todo o país nesta quinta-feira (9). Chamado #9J dia nacional de lutas contra a cobrança de mensalidades nas universidades públicas e cortes nas federais.
“Bolsonaro, tira a mão da Federal!” é o lema do ato mobilizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra Oficial).
Em maio, foi anunciado pelo governo o bloqueio de R$ 3,23 bilhões no orçamento do Ministério da Educação (MEC), o que representa 14,45% dos recursos destinados ao ensino. Muitas universidades já ligaram o sinal amarelo, a exemplo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde o impacto foi de quase R$ 50 milhões, que anunciou que só conseguirá pagar água, luz e segurança até o próximo mês de agosto.
Segundo a professora Denise Carvalho, reitora da universidade, “teremos que cortar nos contratos de limpeza, de segurança, deixar de pagar as concessionárias de energia, água e esgoto. Será essa a opção. E as obras de manutenção, combate a incêndio serão paralisadas”.
Contando com mais de 60 atos sendo realizados pelo país, o principal foi realizado em São Paulo, em frente ao Theatro Municipal. As entidades também conclamaram a necessidade de manter as políticas de permanência dentro das instituições, como a gratuidade do ensino garantida pela Constituição, sendo essa uma forma de inserir ainda mais estudantes.
“As manifestações de hoje são muito essenciais pelo momento que vivemos com os cortes na educação. O governo Bolsonaro apresenta há muito tempo seus desmandos e seus ataques à educação pública. Ainda vamos organizar muitos atos, em julho, se tem a necessidade da marcha da ciência em defesa da ciência, pesquisa, da tecnologia e do investimento no nosso país. Hoje foi um marco importante para voltar pras ruas e de lá não podemos mais. É preciso derrotar Bolsonaro, afirmou o diretor de universidades públicas da UNE, Marcos Kauê.
“Esse ato é muito importante, enquanto Bolsonaro estiver no poder, vai ter corte na educação, vai ter desmonte, a educação não vai ter voz. Aqui estão os estudantes que defendem a democracia, que defendem a educação, e que vão derrubar Bolsonaro”, condenou o presidente da Umes, Lucca Gidra, durante o ato em São Paulo.
A presidente da Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG) Flávia Calé afirmou durante o ato em São Paulo que é preciso defender a educação e principalmente a ciência, os maiores inimigos de Bolsonaro.
“A gente não vai conseguir construir uma outra educação, a gente não vai construir outro projeto, enquanto existir o Bolsonaro. Essa é tarefa dessa geração, a gente está aqui hoje pra resistir aos cortes da educação, para resistir os cortes da ciência, onde Bolsonaro pela segunda vez cortou os recursos do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, tirou o recurso do fundo para transformar em sucata, o PL da sucata, que transforma o dinheiro da ciência para reformar caminhões velhos do Brasil, ele quer transformar o nosso sonho em sucata, quer jogar o nosso sonho no lixo. Só que quem vai jogar o Bolsonaro no lixo da história somos nós”, disse.
“Quem está aqui hoje, que está construindo no dia a dia a resistência nas universidades que estão sob intervenção, nas universidades que tão sem laboratório, nas universidades que tão sem funcionário, sem infraestrutura, Nós vamos resistir e nós vamos resistir para construir um novo projeto. Esse é o ano da virada, esse é o ano que a gente precisa construir um outro projeto de Brasil, um projeto que mire no futuro, que mire na ciência, que a gente possa caminhar junto, com solidariedade, sem desfazer das pessoas que tão sofrendo com a fome, sem desfazer com as pessoas que tão sofrendo no nosso país”, afirmou Flávia.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também compareceu a manifestação. “Esse ato em São Paulo, eu tenho certeza que vai se somar a muitos outros atos que acontecem no Brasil. Nesse momento, no Brasil inteiro, a voz dos estudantes grita em defesa da educação, da ciência e da universidade. É muito importante para que Bolsonaro saiba que se ele acha que vai ter paz cortando verba da educação a partir de hoje ele vai saber que os estudantes brasileiros vão fazer da vida de Bolsonaro o inferno”, afirmou Orlando.
Em Belo Horizonte, centenas de estudantes e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ocuparam as ruas do centro da capital mineira. O ato contou com o Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte (APUBHUMG+), junto ao DCE e ao Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes).
Iniciado na UFMG, os manifestantes percorreram a avenida Afonso Pena até a Praça Sete, seguindo pela Avenida Amazonas até a Praça da Estação onde os manifestantes permaneceram até o fim do ato. Durante a manifestação, os alunos e professores entoam cantos em defesa da educação e contra o governo Bolsonaro.
Em Juiz de Fora (MG) centenas de estudantes e funcionários da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizaram a manifestação contra os cortes realizados pelo governo Bolsonaro.
Na cidade, os participantes do ato empunhavam cartazes e gritavam contra a decisão do governo federal. “A luta unificou! É o estudante junto com o professor e o trabalhador” era um dos bordões, assim como: “O IF não pode parar”, “O governo não dá educação porque educação derruba o governo”, “As balas escreveram o nosso passado, a educação escreverá o nosso futuro”, entre outras.
A estudante de Direito e uma das coordenadoras gerais do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFJF, Maria Edna Fernandes, atuou na organização do movimento, que reuniu diversas frentes. “O ato foi puxado nacionalmente pela (UNE), e aqui em Juiz de Fora, o DCE cabeceou o movimento unindo as entidades da UFJF, Apes, Sintufejuf e Apg, para que a gente fizesse um ato que englobasse toda a sociedade”, disse.
Em Brasília, estudantes da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto Federal de Brasília (IFB) e secundaristas participaram na manhã desta quinta do ato convocado por movimentos e entidades estudantis. A concentração teve início por volta de 9h30, ao lado da Biblioteca Nacional de Brasília. Às 10h30, o grupo seguiu até o Ministério da Educação. Também participaram da manifestação docentes e servidores da UnB e do IFB.
Os participantes gritaram palavras de ordem contra Jair Bolsonaro, pedindo por mais investimento na educação. De acordo com a professora da UnB e diretora da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), Eliane Novaes, os cortes de verba promovidos pela União acarretam risco de suspensão das aulas. Além disso, afirma, os projetos de pesquisa serão comprometidos. “O professor está com salário congelado há 7 anos, com perda de 40 a 50% na remuneração”, relatou. “O projeto do governo é acabar com a educação pública”, disse.
O vice-presidente regional da UNE, Artur Nogueira, destacou que os cortes no orçamento afetam não apenas o nível superior, mas também o nível técnico e o ensino médio. Monna Rodrigues, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE-UnB) disse que a presença dos estudantes em manifestações é importante, mas o ato não contou com maior número de participantes devido ao retorno das aulas presenciais da UnB. Com orçamento reduzido, segundo ela, os estudantes temem pela assistência estudantil, que será gravemente afetada.
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