Ao menos uma centena de acadêmicos e ex-reitores das principais universidades paulistas assinam manifesto em que se posicionam contra a candidatura do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno das eleições para o governo de São Paulo. O documento foi articulado pela antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz, professora da Universidade de São Paulo (USP). E também pelo ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcelo Knobel.
Chamado “Esperança e Coragem para São Paulo: Em Defesa da Ciência, da Cultura e da Universidade Pública”, o texto não cita o indicado por Bolsonaro, mas alerta para “a cobiça que espalha destruição e fome” e denuncia “o profetismo pernicioso dos manipuladores do medo e dos desvarios do ódio” para, então, declarar apoio ao candidato Fernando Haddad (PT).
Entre as 115 pessoas que já haviam assinado o manifesto até a noite da última quinta (13) estão o ex-reitor da USP Vahan Agopyan, a ex-reitora da Unifesp Soraya Smaili, o ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Hernan Chaimovich, o reitor eleito da Universidade Federal de São Carlos Adilson Jesus Aparecido de Oliveira, a pesquisadora Esther Solano, o filósofo Vladimir Safatle e a presidente da Fundação Tide Setúbal, Maria Alice Setúbal.
A carta afirma que a história paulista situa o estado “ao lado das lutas contra o negacionismo, o obscurantismo, o totalitarismo, o armamentismo e o milicianismo”.
Em seguida, o documento observa: “O estado de São Paulo, a exemplo do Brasil, aprendeu a conviver, nesses tantos anos de redemocratização, com a liberdade reconquistada, com os valores que resultaram da luta pela igualdade e justiça sociais, com a solidariedade federativa, com o desenvolvimento equilibrado e o respeito ao papel fundamental das instituições públicas na consolidação e renovação democráticas e do Estado democrático de Direito”.
Os acadêmicos consideram que as universidades e instituições de pesquisa no estado de São Paulo desempenham ações que alavancam o país para a mudança.
“As universidades e as instituições de pesquisa têm, historicamente, no estado de São Paulo, cumprido um papel de protagonismo cultural, científico e tecnológico, que afirma os princípios da autonomia, da criatividade e da busca do conhecimento como fator de geração de riqueza, do combate à desigualdade social”, continua.
O documento ainda afirma que as vitórias do ex-presidente Lula e de Fernando Haddad representariam “um novo Brasil, menos polarizado, mais cidadão e democrático”.