A deputada democrata norte-americana Ilhan Omar denunciou que “a expulsão em massa de mais de 1 milhão de pessoas num dia é uma limpeza étnica”.
Ela conclamou a “parar de ignorar os milhares de vidas palestinas perdidas e os milhões de vidas em jogo!” e a “usar todas as ferramentas diplomáticas para impedir isto”. Palestinos têm denunciado que essa expulsão é uma segunda Nakba, em pleno século 21.
“Muitos no norte de Gaza – inválidos, doentes, idosos – não podem simplesmente partir”, ela acrescentou, sobre a ordem do exército israelense, que a ONU considera insustentável.
“Não houve anúncio de uma pausa nas hostilidade, as comunicações e eletricidade estão cortadas por Israel, as estradas estão bombardeadas e não há infraestrutura no sul de Gaza para receber mais 1,1 milhão de pessoas”, disse Omar, deputada de origem somali e de fé muçulmana.
Na verdade, bombardeios israelenses mataram, até sábado, 70 civis palestinos que tentavam chegar ao sul de Gaza.
“Qualquer pessoa pode ver que não é possível ordenar que mais de 1 milhão de pessoas se mudem em menos de 24 horas. É inaceitável”, escreveu a deputada Alexandria Ocasio-Cortez nas redes sociais. “A humanidade está em jogo. Quase metade são crianças. Devemos pôr fim a isto.”
Nos últimos dias, atos em Washington – diante da Casa Branca -, Nova York, na Times Square, Los Angeles e Seattle exigiram “cessar-fogo já” e “fim do genocídio dos palestinos”
NAKBA EM 2023
“Enquanto estou arrumando minhas coisas, me pergunto: isso é realmente outra Nakba?” Arwa El-Rayes, de 56 anos, médica de medicina interna, disse ao The New York Times pouco antes de fugir de sua casa na cidade de Gaza. “Estou pegando a chave da minha casa e pensando: algum dia voltarei para minha casa, algum dia verei minha casa novamente?”
A Reuters relatou que “vários milhares de residentes podiam ser vistos nas estradas que saíam da parte norte da Faixa de Gaza, mas era impossível dizer o número deles. Muitos outros disseram que não iriam”.
Uma mulher de 33 anos da cidade de Gaza disse ao The Washington Post que está hospedada com dezenas de familiares, incluindo seus pais idosos. “Não há carros para nos levar a lugar nenhum”, disse ela. “Não há gasolina nos carros. As empresas de táxi não têm mais carros. As ruas estão tão, tão, tão, tão lotadas, é como se fosse o Dia do Juízo Final.”
Na sexta-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha reiterou que “as instruções emitidas pelas autoridades israelenses para que a população da Cidade de Gaza abandone imediatamente as suas casas, juntamente com o cerco total que lhes nega explicitamente comida, água e eletricidade, não são compatíveis com o direito humanitário internacional”.
Tarik Jasarevic, porta-voz da Organização Mundial da Saúde, observou que “há pessoas gravemente doentes cujos ferimentos significam que a sua única hipótese de sobrevivência é estar sob suporte de vida, como ventiladores mecânicos”. Portanto, mover essas pessoas “é uma sentença de morte”, disse Jasarevic. “Pedir aos profissionais de saúde que o façam é mais do que cruel”.