São 10 milhões a mais de pessoas no atual governo, segundo registro do Cadastro Único
O Cadastro Único (CadÚnico) – sistema direcionado para programas sociais do governo federal – registrou o maior número de pessoas em extrema pobreza no Brasil desde sua criação, em 2001. Ao todo, são 49 milhões de pessoas (48.369.266/agosto de 2022), ou 23% da população, que necessitam de ajuda governamental para sobreviver, 10 milhões a mais no governo Bolsonaro. No último ano do governo Temer, eram 39 milhões de brasileiros nessa condição.
São classificadas na extrema pobreza as pessoas que vivem em famílias com renda per capita mensal de até R$ 105, de acordo com a legislação brasileira. Os dados sobre o avanço no número da extrema pobreza no Brasil, divulgados pelo colunista Carlos Madeiro do Uol, nesta quarta-feira (26), podem ser acessados no site do governo federal: Secretaria de Avaliação e gestão da informação – SAGI).
Nestes quase quatro anos de governo Bolsonaro a economia brasileira não andou para frente, já a inflação e a desvalorização dos salários avançaram sem freios sobre o orçamento das famílias. Além disso, o ambiente de estagnação econômica agravou o desemprego que se mantém hostil após a crise sanitária de Covid-19, com mais de 9,7 milhões de pessoas em busca de emprego no país e outros 39,3 milhões de pessoas obtendo seu sustento da informalidade do trabalho, isto é: gente vivendo dos famosos “bicos”, com jornada de trabalho excessiva e renda que muitas vezes não chega sequer a um salário mínimo, sem carteira de trabalho e sem direitos trabalhistas.
EMPOBRECIMENTO
O professor e pesquisador de economia popular da Universidade Federal de Alagoas, (Ufal), Cícero Péricles, declarou à reportagem do Uol: “a combinação de desemprego alto e inflação acelerada causa a queda da renda média. Por sua vez, isso ajuda a explicar o endividamento de 80% dos brasileiros e uma taxa de inadimplência de 40%. É esse empobrecimento que tem motivado a procura por algum benefício conseguido por meio do CadÚnico”.
Não à toa, a fome explodiu no governo Bolsonaro, nas imagens que repercutiram por todo o mundo das filas por “ossinhos” nos açougues, por restos de pelancas nos caminhões de osso para animais e de famílias revirando caçambas nos supermercados. São 33 milhões em insegurança alimentar grave, sem comida, com fome, segundo a Rede Penssan.
Bolsonaro acabou com os estoques reguladores de alimentos, dolarizou os preços e chamou de “idiota” quem reclamou do alto preço do feijão defendendo substituir o produto básico na mesa do brasileiro por fuzil.
Mais recentemente, a dramática situação das famílias pode ser vista nas filas para a atualização do Cadastro Único, quando milhares de pessoas, na maioria mulheres, e muitas com crianças de colo, passam até 18 horas na fila para ter acesso ao Auxílio Brasil, dormindo na rua, de madrugada. Muitas voltam para casa sem conseguir fazer a atualização.
Entre 2019 e setembro deste ano, o maior crescimento no número em situação de miséria ocorreu fora dos locais que concentram o maior número de famílias na extrema pobreza. No Rio de Janeiro, que obteve a maior alta no período, o número de famílias miseráveis praticamente dobrou nesses três anos e nove meses de gestão Bolsonaro, passando de 935 mil para 1,84 milhão, ou 97% a mais. Já os estados Santa Catarina e Mato Grosso, além do Distrito Federal, também tiveram altas acima de 70%
Em termos proporcionais, o Norte e o Nordeste são as regiões onde há maior número de pessoas extremamente pobres no país. Os cinco estados que têm maior percentual de pessoas na miséria, em relação à população, estão no Nordeste: Piauí (46,5%), Maranhão (45,8%),Paraíba (40,8%), Bahia (40,1%) e Alagoas (39,5%).
De acordo com a sondagem, ainda, quase 60% da população na miséria é formada por mulheres e mais da metade por crianças e jovens de até 24 anos. Já os negros (soma de pretos e pardos) alcançam mais de 70% do total na condição de extrema pobreza.
Veja a abaixo o perfil da extrema pobreza no Brasil (setembro de 2022):
Por região:
· Nordeste – 23.252.845 (40,3% da população)
· Norte – 6.650.230 (35,1% da população)
· Sudeste – 13.908.435 (15,5% da população)
· Centro-Oeste – 2.304.644 (13,8% da população)
· Sul – 2.940.610 (9,6% da população)
Por sexo:
· Masculino – 21.039.738
· Feminino – 28.017.026
Por moradia:
· Urbana – 35.923.623
· Rural – 12.959.703
· Sem Resposta – 173.438
Por cor/raça:
· Parda – 33.164.405
· Preta – 3.478.672
· Branca – 11.578.018
· Indígena – 566.031
· Amarela – 262.780
Por idade:
· Entre 0 a 17 – 20.156.321
· Entre 18 a 24 – 6.292.252
· Entre 25 a 34 – 7.229.809
· Entre 35 a 44 – 6.581.823
· Entre 45 a 54 – 4.982.784
· Entre 55 64 – 3.158.317
· Maior que 65 – 655.458