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Senador Eduardo Braga (MDB-AM) desmontou o ex-ministro com perguntas sobre a falta de oxigênio na capital manauara. Pazuello além de não as responder, mentiu ou fingiu “amnésia” para escapar das flagrantes contradições que incorreu durante o depoimento
O ex-ministro Eduardo Pazuello disse que tem o registro de três dias de desabastecimento de oxigênio no Estado do Amazonas e que o estoque foi normalizado em quatro ou cinco dias após o Ministério da Saúde ser comunicado sobre o risco de desabastecimento.
“Em quatro ou cinco dias já estávamos com nível de estoque restabelecidos. Tivemos três dias onde aconteceram as maiores dificuldades”, afirmou o general.
“Fomos a Manaus porque a situação não estava boa. No momento que soube do oxigênio, já comecei a agir. As medidas possíveis foram executadas. Uso da Força Aérea, de barcos, em cinco dias já estávamos com níveis de estoque estabelecidos. Se tivéssemos sabido antes, agiríamos antes”, explicou o ex-ministro.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) se indignou diante da fala de Pazuello. “Do dia 10 de janeiro ao dia 20, quando chegou a primeira carga da Venezuela, passaram-se 10 dias, morrendo ao dia, em média, 200 pessoas no Amazonas. Não faltou oxigênio no Amazonas em apenas três dias. Faltou oxigênio por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos, é só ver o desespero das pessoas. Não é possível”, concluiu Braga, batendo na mesa.
Pazuello negou os dados informados pelo senador: “Não são os dados que estão comigo.”
“Mas não é possível. E mais, agora vou dizer: vossa excelência não pode deixar de dizer que conhece isso. O senhor estava lá. O senhor assistiu com os seus olhos os nossos brasileiros amazonenses morrerem por falta de oxigênio”, irritou-se o senador.
Pazuello disse que, no dia 12, um avião Hércules chegou ao Estado com oxigênio líquido, e Braga rebateu que o volume do gás era muito baixo para atender a demanda. Os senadores questionaram o ex-ministro sobre por que ele não se mobilizou para aceitar a ajuda internacional. O ex-ministro não respondeu.
RESPONSABILIDADE DOS GOVERNOS ESTADUAL, FEDERAL E PREFEITURA
“Ministro, pelo amor de Deus, vamos deixar clara a responsabilidade do governo do Estado, da prefeitura e do governo federal, porque amazonenses morreram, brasileiros morreram! E vamos parar de ficar dizendo que foram três dias de falta de oxigênio”, insistiu Braga.
“E é em nome dessas pessoas que morreram no Amazonas que nós estamos aqui, tentando objetivar um depoimento”, pontificou o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Que em seguida emenda com mais duas perguntas: “Depois do ocorrido no Amazonas, relatado aqui pelo senador Eduardo Braga e pelo senador Omar Aziz, o Ministério da Saúde alterou a sua estratégia em relação ao monitoramento, controle e aquisição desses insumos? Objetivamente: sim ou não?”.
No que Pazuello respondeu com evasiva: “a resposta que eu vou lhe dar é que nós levamos as ações de resposta para outro nível.” “Agora, em termos de aquisições e contratações, não, não foi alterado”, acrescentou Pazuello se contradizendo.
“Não. O senhor acabou de dizer que foi alterado, e agora não foi alterado?”, perguntou novamente o relator visivelmente irritado com as respostas evasivas e contraditórias. “Senador, a pergunta é uma pergunta com três, quatro posições”, respondeu Pazuello, com mais evasivas.
De modo geral, embora o ex-ministro, ao longo do depoimento dele não tenha se recusado a responder nenhuma pergunta direta e objetiva, ele mais enrolava, tergiversava e saia pela tangente, do que efetivamente respondia com objetividade de modo a “colocar uma pedra sobre a dúvida”.
“SÍNDROME VASOVAGAL”
Até que, depois de um intervalo, o ex-ministro teve mal-estar súbito, chamado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico e reconheceu o problema, de “síndrome vasovagal”; quando “o sangue deixa muito o cérebro, perde a consciência, fica tonto, e estava muito pálido, e a pressão caiu também.”
“Deitamos ele no sofá, o sangue refluiu para o cérebro, ele ficou corado, se recuperou, estava respirando muito bem, podia perfeitamente continuar a oitiva. Foi suspenso [o depoimento], mas não foi por nenhuma sequela”, disse o senador Otto Alencar à CNN Brasil.
Diante do número de senadores inscritos para perguntas ao ex-ministro, o presidente da CPI transferiu o término do depoimento para esta quinta-feira (2), a partir das 9h30.
Ainda faltam 26 senadores que estão inscritos para falar e/ou fazer perguntas. Aziz, então, achou que era melhor continuar na quinta-feira do que esperar a sessão do plenário do Senado acabar.
M. V.