A farmacêutica Vitamedic patrocinou a publicação de artigos da organização Médicos pela Vida defendendo o “tratamento precoce” com medicamentos, como cloroquina e ivermectina, mostram documentos obtidos pela CPI da Pandemia.
A Vitamedic bancou a veiculação do artigo em grandes jornais pelo país, como Folha de S.Paulo, O Globo, Estado de Minas e Zero Hora, porque tinha interesse direto na farsa de que a ivermectina ajuda no tratamento contra a Covid-19, já que a empresa fabrica a droga.
A venda de ivermectina pela Vitamedic, aliada de Bolsonaro, cresceu 1.230% na pandemia.
Em 2019, foram vendidas 5,7 milhões de “unidades de venda” (podendo ser caixas de 2, 4 e 500 comprimidos) de ivermectina. Em 2020, a Vitamedic conseguiu vender 75,8 milhões.
Jair Bolsonaro participou pessoalmente da farsa montada ao redor da cloroquina e da ivermectina, ou seja, do tratamento precoce. Ele deu dezenas de declarações públicas e fez várias publicações em suas redes sociais recomendando o uso das drogas, até mesmo por pessoas não infectadas pelo coronavírus.
O uso de medicamentos como cloroquina, que é um antiprotozoário, e ivermectina, que é um antiparasitário, foi descartado pela comunidade científica internacional para o tratamento de Covid-19 depois de alguns meses de testes, mas a tese continua sendo sustentada por bolsonaristas e negacionistas.
Os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich foram demitidos porque não compactuavam com o uso de cloroquina e ivermectina em pacientes com Covid-19, uma vez que todos os estudos sérios feitos internacionalmente mostravam que os medicamentos não tinham resultado.
O ex-ministro Eduardo Pazuello, que fazia tudo o que Jair Bolsonaro mandava, defendeu o “tratamento precoce” em detrimento da quarentena e do uso de máscaras.
Seu sucessor, Marcelo Queiroga, admitiu, durante depoimento na CPI da Pandemia, que o tratamento precoce não tem efeito positivo. Em um documento enviado para a CPI da Pandemia, o Ministério da Saúde confirmou a ineficácia do tratamento precoce.
“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, disse o Ministério da Saúde.