A farmacêutica Apsen informou à CPI da Pandemia que as vendas de hidroxicloroquina cresceram 30% em 2020, chegando a 58,8 milhões de comprimidos, por conta da propaganda enganosa que Jair Bolsonaro faz da droga.
A própria empresa admitiu que “parte do crescimento em 2020 se deveu à ampla divulgação mundial dos supostos benefícios da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, mesmo considerando a necessidade de retenção de receita médica desde março/2020”.
Cloroquina é uma droga antiprotozoário que é usada para malária e doenças autoimunes, mas Bolsonaro insiste que ela deve ser usada no tratamento de Covid. Estudos feitos no mundo todo mostram que o medicamento não tem efeito positivo contra o coronavírus e pode causar complicações em pessoas com problemas cardíacos.
A Apsen disse que não recomenda o uso de cloroquina no tratamento de Covid.
Jair Bolsonaro ligou pessoalmente, em abril de 2020, para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para pedir que fosse liberada a exportação dos insumos para a produção de hidroxicloroquina no Brasil. Bolsonaro citou nominalmente a Apsen e a EMS, que também foi beneficiada pela propaganda mentirosa a favor da cloroquina.
O dono da Apsen, Renato Spallicci, é apoiador do governo Bolsonaro e já compartilhou, em suas redes sociais, diversos materiais elogiosos a Jair Bolsonaro.
Bolsonaro também mentiu para a população falando que outros medicamentos serviam no tratamento de Covid. Foi o caso da ivermectina, cuja venda por parte da farmacêutica Vitamedic cresceu 1.230% em 2020, em relação a 2019.
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) disse à CPI que a pandemia “deflagrou uma epidemia de uso irracional de medicamentos”.
“As vendas de alguns fármacos vinculados à prevenção ou cura da doença, mesmo sem a comprovação de que sejam eficazes para esse fim, chegaram a aumentar 857%, caso da ivermectina”. O CFF usa os dados do IQVIA, que sistematiza a venda de medicamentos no país.