Na operação foram apreendidos o celular e um HD de Jair Renan Bolsonaro. Houve 2 diligências em 2 endereços ligados ao filho do ex-chefe do Executivo. Ele pode estar envolvido em esquema de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro
Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo da operação “Nexum” da PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal), na manhã desta quinta-feira (24). Além dele, outras duas pessoas são acusadas de crimes de estelionato, falsificação de documentos, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.
Os agentes cumpriram 5 mandados de busca e apreensão e 2 de prisão em Brasília e também em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Os alvos foram:
- Jair Renan;
- Maciel Carvalho, o principal investigado e mentor do esquema, amigo e instrutor de tiro de Jair Renan – foi preso; e
- Eduardo Alves dos Santos: está foragido e é investigado por ser “testa de ferro” do esquema.
No DF, as ordens foram cumpridas em Águas Claras e no Sudoeste, em desfavor do alvo principal e 2 comparsas, sendo um deles “testa de ferro” usado pelo grupo para figurar como proprietário das empresas e, ainda, na Asa Sul, no mesmo endereço em que estão registradas empresas vinculadas ao principal investigado e outra vinculada a um dos demais envolvidos.
Os investigados teriam forjado relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, usando dados de contadores sem o consentimento deles.
Há 2 mandados em 2 endereços ligados a Jair Renan: apartamento em Santa Catarina e outro no Sudoeste, área nobre de Brasília. A defesa de Jair Renan ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
A operação teve a participação de 35 policiais do Decor (Delegacia de Repressão à Corrupção) e da DIP (Divisão de Inteligência Policial) da PCDF e também da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina.
Em nota, a Polícia Civil do DF informa ainda que “a investigação apontou para a existência de uma associação criminosa cuja estratégia para obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, testa de ferro ou laranja, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas fantasmas, utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas”.
ESQUEMA USAVA LARANJA E EMPRESAS FANTASMAS
O principal alvo da operação, e mentor do esquema, soma registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.
Ele já foi alvo de 2 ações da PCDF neste ano, a Operação “Succedere” e “Falso Coach”.
Maciel Carvalho, de 41 anos, era instrutor de tiro de Jair Renan, filho de Bolsonaro, e chegou a ser preso em janeiro deste ano.
As informações iniciais dão conta de que o grupo agia a partir de “laranja” e de empresas fantasmas, usadas pelo alvo da operação desta quinta-feira e demais comparsas.
OPERAÇÃO “NEXUM”
O nome da operação faz alusão ao antigo instituto contratual do direito romano, “Nexum”, representando a passagem do dinheiro e transferência simbólica de direitos.
Conforme investigações, o grupo usava a identidade falsa de Antônio Amâncio Alves Mandarrari para abertura de conta bancária e proprietário de pessoas jurídicas usadas como “laranjas”.
Os investigados teriam manipulado relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, usando dados de contadores sem o consentimento deles.
DESDÉM DO IRMÃO
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), irmão de Jair Renan por parte de pai, comentou, também na manhã desta quinta-feira, que a operação causa muito estranheza.
“É uma pessoa que não tem onde cair morta e está sendo investigada por lavagem de dinheiro. Não faz muito sentido isso. Espero que esse critério seja usado para todos. Alguém, investigadores procurando pelo em ovo mesmo sem ter nada, independente do sobrenome”, disse o filho “01”, de Bolsonaro.