Pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs/Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciaram o lançamento de um programa que permitirá que cientistas rastreiem surtos em estágio inicial, integrando dados coletados do Sistema Único de Saúde (SUS) com outras fontes de dados de saúde, ambientais e sociodemográficos.
O projeto possibilita que os cientistas explorem uma variedade de fontes de dados em um único sistema. A partir do uso de inteligência artificial e técnicas de aprendizado de máquina, eles poderão identificar áreas onde as doenças infecciosas, como a dengue, provavelmente se espalharão rapidamente.
O Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico (Aesop), como é chamado o projeto, foi anunciado na terça-feira (14) durante a 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic), no Rio de Janeiro.
“A Aesop busca identificar geograficamente o início do surto por meio da análise de dados da Atenção Primária à saúde e outros dados relacionados às manifestações da doença, como venda de medicamentos e rumores nas redes sociais”, explicou Manoel Barral-Netto, pesquisador da Fiocruz e coordenador do projeto.
Segundo Barra-Netto, mediante a identificação da área do surto, duas ações acontecem paralelamente para modelar o risco e as características da propagação do surto: as equipes de pesquisa coletam amostras de campo para identificar os agentes infecciosos envolvidos e os cientistas de dados da Aesop integram outros dados para modelar o desenvolvimento do surto e informar as medidas de controle.
A visita que você faz ao posto médico, o remédio comprado na farmácia e até o que você fala ou procura sobre doenças nas redes sociais e sites de busca funcionam como dados para que os pesquisadores tenham acesso sobre as condições de saúde da população. Por isso, vão juntar um grande contingente desse tipo de informação para tentar se antecipar ao futuro.
A partir desses dados, mais do que desenhar um mapa de risco, os profissionais vão poder alertar sobre o surgimento de doenças muito antes delas virarem um problema grave e emergencial, permitindo que autoridades tomem medidas para impedir, por exemplo, uma pandemia.
“O projeto visa identificar realmente em que cidades está começando um surto infeccioso. Se sabe que aquela área tem risco, mas onde mesmo ela está começando? Onde está começando a afetar a saúde humana?”, continua o pesquisador da Fiocruz.
“A autoridade ganha entre 15 a 30 dias para começar já a tomar medidas, reforçar o que ele precisa do ponto de vista de estrutura para atender, fazer recomendações, começar a controlar esse trânsito entre as cidades”, destaca o pesquisador.
Segundo Barral-Netto, após a identificação da área do surto, duas ações acontecem paralelamente para forjar o risco e as características da propagação do surto. Na sequência, equipes de pesquisa coletam amostras de campo para detectar os agentes infecciosos envolvidos. Com a identificação desses patógenos, os cientistas de dados da Aesop integram outros dados para modelar o desenvolvimento do surto e informar as medidas de controle.
O projeto, que deve entrar em operação integral no fim de 2024, é financiado pela Fundação Rockefeller. A instituição pretende reproduzir o sistema brasileiro em todo o planeta para combater ameaças à saúde, ocasionadas por mudanças climáticas, do crescimento da população e da migração.
Em casos como a dengue, e – e até em pandemias, como a Covid, – espera-se deixar a saúde pública e a população precavidas muitos antes de acontecer.