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Com senador Ciro Nogueira (PP-PI) agora Casa Civil, Luis Carlos Heinze (PP-RS) assume vaga de titular da comissão e o filho “Zero Um” entra como membro suplente. Trabalhos da CPI serão retomados a partir da próxima terça-feira (3)
A partir da próxima semana, a “tropa de choque” bolsonarista na CPI da Covid-19 no Senado vai contar com o reforço do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente da República.
A vaga do senador Ciro Nogueira (PP-PI) — que era titular da comissão —, agora ministro da Casa Civil, vai ser ocupada pelo até então suplente Luis Carlos Heinze (PP-RS), conhecido pela defesa fanática que faz do chamado “tratamento precoce” e da cloroquina.
Com isso, o filho “Zero Um” do presidente da República entra no lugar de Heinze, como suplente na comissão.
Ao assumir a suplência, Flávio Bolsonaro terá agora acesso irrestrito aos documentos que estão sendo coletados pelo colegiado, inclusive os de caráter sigiloso.
Flávio terá a companhia dos bolsonaristas titulares Marcos Rogério (DEM-RO), Eduardo Girão (Podemos-CE), Jorginho Mello (PL-SC), além dos suplentes Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Marcos do Val (Podemos-ES), bolsonarista que costuma dizer que “não é de direita, nem de esquerda, nem de centro, é pelo Brasil.”
A CPI foi instalada em 27 de abril para em 90 dias investigar as ações, omissões e inações do governo, sob a liderança do presidente da República, na gestão da pandemia. Em 14 de julho, os trabalhos da comissão foram prorrogados por mais 90 dias. Desse modo, o inquérito vai até o início de novembro, para desespero de Bolsonaro.
AGRESSIVO E PROVOCATIVO
Todos os filhos seguem o figurino do pai. Agressivo e provocativo, Flávio Bolsonaro por diversas vezes retirou a máscara do rosto, sob a justificativa de que não conseguia ler direito com o acessório.
No depoimento da diretora da Precisa Medicamentos Emanuela Medrades, em que esteve presente durante toda a sessão, o senador manteve a máscara corretamente, e foi alvo de ironia de Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
“Quero lhe parabenizar pela possibilidade da leitura, hoje, usando a máscara”, disse Vieira. Na ocasião, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que Emanuela foi à comissão para “apresentar em nome da Precisa e dela a versão do governo sobre o processo [de negociações da vacina indiana].”
DEPOIMENTOS SIGNIFICATIVOS
Na primeira fase de funcionamento do colegiado, antes do recesso, Flávio Bolsonaro participou de momentos em que os depoimentos podiam causar estragos ao governo. Em algumas oitivas, a presença dele também foi interpretada como forma de pressionar ou intimidar depoentes politicamente mais fracos, ou para defender aliados incondicionais que seriam acossados pela oposição, como no caso do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Flávio Bolsonaro esteve presente em momentos significativos da CPI. Por exemplo, nos depoimentos de Eduardo Pazuello, em 20 de maio, do ex-governador do Rio Wilson Witzel, em 16 de junho. Ex-aliado de Jair Bolsonaro, cujo depoimento preocupava muito os aliados do presidente.
Também apareceu nas vezes do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão do deputado, o servidor Luis Ricardo Miranda, em 25 de junho, e do representante da Davati, Luiz Dominguetti, em 1° de julho.
E esteve ainda para acompanhar presencialmente o que diriam o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, em 7 de julho — cuja prisão foi determinada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM) —, e do consultor Willian Santana, em 9 de julho, que confirmou irregularidades nas negociações da Covaxin.
No depoimento de Witzel, Flávio Bolsonaro tumultuou a reunião. Em 12 de maio, irritado com o que classificou como mentiras recorrentes de Fabio Wajngarten, ex-assessor de Comunicação da Presidência da República, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a prisão do depoente.
O senador Flávio saiu em defesa do aliado, chamou Renan de “vagabundo”, provocando longo bate-boca. Em entrevista à GloboNews, Renan afirmou que esse tipo de agressão servia “para o pai postar, que postou em seguida”. “As pessoas que moram no Rio de Janeiro sabem que o miliciano considera vagabundo toda pessoa que o enfrenta”, disse o relator da CPI.
M. V.