“Falou em nazismo, falou em neonazismo, ameaçou escolas, ameaçou comunidade escolar, diz que vai fazer ataque, nós estamos pedindo a prisão”, defendeu o ministro. Nenhum ataque foi registrado em escolas neste dia 20
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, declarou nesta quinta-feira (20) que a operação Escola Segura, instaurada de forma temporária após os ataques a escolas e creches, “vai continuar”. O anúncio ocorreu em coletiva de imprensa convocada nesta quinta, dia em que grupos ameaçavam uma série de ataques em instituições de ensino no país.
Segundo Flávio Dino, a operação não tem data pra terminar. “Nós vamos continuar a agir até nós combatermos e debelarmos um a um esses agrupamentos extremistas que estão querendo fazer terrorismo contra as crianças, contra os adolescentes e contra a educação. Essas pessoas são inimigas da liberdade”, disse.
“Hoje é 20 de abril. É uma data em que nós estamos trabalhando muito fortemente, porque havia e há alguns anúncios, ameaças, como todos sabem. Nós vamos manter esse monitoramento no nível máximo ao longo de todo o dia, e também nos dias subsequentes”, disse Dino aos jornalistas na sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Brasília, onde ocorre o monitoramento das ameaças nas redes sociais.
“Ou seja, estou comunicando às famílias, à sociedade, que o presidente Lula decidiu que a operação Escola Segura vai continuar”, acrescentou o ministro. Segundo ele, apesar da ação ter sido iniciada como temporária, os altos números de ameaças de violência tornam necessária sua manutenção.
Questionado sobre a decisão de algumas famílias de deixarem os filhos em casa, e de algumas escolas que suspenderam as aulas, Dino respondeu que respeita a decisão.
“Não cabe a nós julgarmos a decisão das famílias. Mas, até esse momento em que estamos conversando, 10h40, não há nenhuma razão objetiva para isso. Então eu diria que é uma atitude de tranquilidade, com vigilância, com acompanhamento, que nós estamos tendo”, esclareceu Flávio Dino.
“[Queremos] Estimular a que estados e municípios continuem a atuar em rede, e mostrar a eficácia do monitoramento de redes sociais. Isso tem se revelado fundamental para a realização das diligências. Não fossem as informações colhidas, via redes sociais, internet de modo geral, não seria possível colher esses números”, enfatizou o ministro.
NAZISTAS SÃO ALVO
Desde o dia 5 de abril, 302 pessoas foram presas ou apreendidas pela Operação Escola Segura.
“Falou em nazismo, falou em neonazismo, ameaçou escolas, ameaçou comunidade escolar, diz que vai fazer ataque, nós estamos pedindo a prisão. E vamos continuar. Não há possibilidade de convivermos com esse clima que alguns poucos querem criar em detrimento de 40 milhões de estudantes brasileiros”, completou o ministro da Justiça.
Já foram registrados 2.593 boletins de ocorrência. Mais de mil pessoas foram ouvidas pelas polícias e 1.738 casos em investigação. Além disso, foram feitas 270 ações de busca e apreensão de armas a artefatos de grupos extremistas, como neonazistas.
O ministro disse que o governo está estudando sugestões recebidas de autoridades de Blumenau (SC) para mudanças legais. No dia 5 de abril, um homem invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, na cidade catarinense, matando quatro crianças e ferindo três.
Segundo Dino, foram feitas 812 solicitações para retirada de conteúdos online. O material será usado como provas das investigações.
O Telegram foi a única plataforma de rede social que não respondeu ao Ministério da Justiça sobre as ações para barrar conteúdos de que incentivem violência na escola. A empresa vai responder a processo administrativo.