O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), avaliaram na quarta-feira (06) que houve um fracasso do governo Bolsonaro em tentar entregar a Cessão Onerosa do Pré-Sal para as multinacionais. O chefe do executivo maranhense chegou a dizer em sua rede social que “a Petrobrás salvou o leilão”.
“A Petrobrás, tão atacada pelos entreguistas que se disfarçam de verde e amarelo, salvou o ‘megaleilão’ hoje”, salientou Flávio Dino. “Deveria servir de reflexão para quem acredita que o setor privado puxará investimentos. Isso nunca aconteceu no mundo. Sem setor público forte não há investimentos”, destacou o governador em seu twitter.
Já o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que concorreu à Presidência da República em 2018, também apontou o fiasco do leilão e chamou Bolsonaro e Guedes de “criminosos e vendilhões”. “Valeu muito a luta! Fracassou a tentativa vil de entregar totalmente o petróleo que pertence aos jovens e às crianças brasileiras: o consórcio liderado pela Petrobrás arrematou o maior campo. Nacionalizar não será mais tão difícil! Parabéns a quem lutou ! Deus é grande!”, disse Ciro, em seu twitter, nesta quarta-feira (06).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, também se somou à avaliação de Dino e Ciro e afirmou, através do twitter, que a incompetência do governo na condução do leilão da Cessão Onerosa “ajudou o Brasil”. “Em um leilão vazio, Petrobrás leva a maior área do mega leilão o Pré-Sal”, observou. “Mas fiquemos atentos à sanha de privatização da empresa, que continua”, acrescentou o senador.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) reforçou o papel da Petrobrás no Pré-Sal. “Viva a Petrobrás!”, disse ele. “O mega leilão virou um mega micão para o governo”, ironizou o parlamentar paulista. Já a deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) lembrou que “o Governo arrecadou 2/3 do que era previsto, mostrando que é um desastre completo no cuidado com o patrimônio do povo”.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também avaliou que o resultado foi “negativo” e que o setor privado “fugiu do leilão”. Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira (06/11/2019), Maia disse também que o resultado foi aquém do esperado para estados e municípios, já que o governo federal prometeu dividir os lucros do leilão com os entes federativos.
Em Nota Técnica do Instituto de Energia da USP, divulgada na semana passada, o professor da USP, Ildo Sauer, e Guilherme Estrella, ambos ex-diretores da Petrobrás, avaliaram que a venda prevista dos blocos do Pré-Sal pelo sistema de partilha de produção, comparado a uma contratação direta da Petrobrás para explorar o petróleo da região, significaria uma perda de R$ 1,2 a R$ 1,6 trilhão por parte dos cofres públicos.
O professor Ildo Sauer destacou ainda que o resultado do leilão da Cessão Onerosa desta quarta-feira desmontou um velho pretexto dos entreguistas para combater a exploração do Pré-Sal pela Petrobrás, o de que a estatal não teria recursos para os investimentos. Agora, ela ganhou praticamente sozinha os campos leiloados. E já está produzindo na região.
Neste caso, do leilão desta quarta-feira, onde a Petrobrás está participando com 100% de um campo e com 90% no outro, fica mais evidente ainda que o contrato direto da estatal por parte da União é melhor do que o regime de partilha. A partilha acaba sendo feita pelo menor percentual para a União. Como aponta o professor Ildo Sauer, “com a partilha, perdeu a União e vão ganhar mais os acionistas privados da Petrobrás, que detém 52% das ações da empresa”.
SÉRGIO CRUZ
Leia mais