“Quando se implanta o vale tudo, a lei do mais forte e se abole os laços interpessoais de solidariedade, de respeito, de amor e fraternidade que fundam uma sociedade saudável”, disse Dino
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, relacionou o ataque a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé (PR), com a proliferação do discurso de violência e ódio na internet. Um ex-aluno de 21 anos invadiu a escola nesta segunda-feira (19) e realizou os disparos. Uma adolescente de 17 anos morreu na hora e outro menino, de 16 anos está internado em estado gravíssimo.
“O que nós vimos hoje em larga medida no Brasil, exatamente a apologia à violência, que está hoje na pauta da mão da nossa juventude, pelos smartphones, pelos tabletes e pela proliferação irresponsável de mensagem de violência e ódio na internet. Derrubando às vezes os esforços das famílias”, afirmou o ministro, poucas horas após o ataque, durante uma agenda no Rio de Janeiro.
“Essa é a questão mais fundamental hoje nosso país e há quem não queira ver, sempre procurando individualizar um problema que é sistêmico, quando se implanta o vale tudo, a lei do mais forte e se abole os laços interpessoais de solidariedade, de respeito, de amor e fraternidade que fundam uma sociedade saudável”, avaliou ainda Flávio Dino.
O ministro manifestou solidariedade às famílias das vítimas e disse que pede para que Deus traga conforto. Ele disse que, como pai, sabe da intranquilidade que atinge as famílias brasileiras diante dessa modalidade de violência.
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— Ministério da Justiça e Segurança Pública (@JusticaGovBR) June 19, 2023
O ataque aconteceu por volta das 9h30, momento em que os estudantes estavam em sala para a segunda aula da manhã. Com o barulho dos tiros, alunos se trancaram nas salas de aula ou procuraram abrigo nos banheiros.
O governador Ratinho Junior (PSD) afirmou que “a violência do brutal ataque em Cambé causa indignação e pesar”. Diante da tragédia, ele decretou luto oficial de 3 dias.
PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS
O homem de 21 anos preso após abrir fogo contra estudantes em Cambé, na região norte do Paraná, alega ter sido vítima de bullying e afirma que planejou o ataque nos últimos quatro anos. Ele foi impedido de continuar o ataque pela ação de professores que o imobilizaram.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP), o criminoso tem problemas psiquiátricos. Ele passava por acompanhamento médico e psicológico especializado. Detido em flagrante, ele foi encaminhado para Londrina, maior cidade da região, a cerca de 15 km de Cambé.
Em declaração ao jornal local Paraná Portal, o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Hudson Teixeira, disse que acompanhou o primeiro depoimento do atirador, realizado na tarde desta segunda.
“Há quatro anos ele realmente decidiu cometer esse ataque. Ele estudou no colégio em 2014 e relata que teria sido vítima de bullying na época em que frequentava a instituição. De lá pra cá, ele vem alimentando essa mágoa”, explicou o secretário.
Segundo o coronel Hudson Teixeira, o autor dos disparos comprou a arma usada no crime de forma ilegal, em Rolândia, município da região norte do Paraná, que fica a cerca de 10 km de Cambé. O homem também teria estudado sobre outros ataques em escolas.
“Ele comprou a arma de fogo há cerca de um mês e meio. Era um revólver calibre 38, uma arma irregular, pela qual pagou R$ 4,5 mil. Também estava com uma machadinha, comprada em Londrina”, relatou o chefe da Segurança Pública do Paraná.
O secretário afirma que não há evidências, por enquanto, de que o atirador conhecia as vítimas.
“Ele afirmou que não conhecia nenhuma das pessoas feridas: nem a jovem que morreu, nem o rapaz baleado na cabeça. Ele fez a escolha dos dois pela faixa etária. Procurou jovens mais velhos, na idade das pessoas que cometiam bullying contra ele na época. Não tem nenhum vínculo dele com essas pessoas”, resumiu. O caso é investigado pela 10ª Subdivisão Policial de Londrina.