O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), cobrou do governo Bolsonaro a aquisição de mais vacinas e criticou o cancelamento da compra de vacinas no ano passado.
“O presidente Jair Bolsonaro não deveria ter cancelado a compra das vacinas realizada pelo Ministério da Saúde. Cancelou por quê? Porque não gosta da China? Porque não gosta da Índia? Porque não gosta da Rússia? Mas ele não gosta ao menos do povo brasileiro? A vacina é para o povo brasileiro, é para o cidadão brasileiro”, disse Renildo em sessão extraordinária da quarta-feira (7), para discutir o projeto que autoriza a compra de vacinas por empresas privadas.
Em outubro do ano passado, Bolsonaro mandou cancelar a compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, em compromisso assumido pelo seu então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, diante de 24 governadores.
“Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse Bolsonaro em 21 de outubro.
Também no ano passado, o governo Bolsonaro rejeitou a proposta da farmacêutica Pfizer que previa 70 milhões de doses de vacinas até dezembro de 2021. Do total, 3 milhões estavam previstas até fevereiro.
“O presidente prefere os países que ele gosta. E qual é o País que ele gosta? Ele gosta dos Estados Unidos? Então, compre a vacina nos Estados Unidos! Mas os Estados Unidos têm uma lei que determina que a vacina feita lá só será vendida depois que todo o norte-americano for imunizado. E agora? O presidente vai fazer o quê? É uma irresponsabilidade o que o governo fez”, prosseguiu o líder do PCdoB.
“Acho que o Presidente Bolsonaro não devia ter cancelado a compra de 80 milhões de doses de vacinas feitas pelo ministro Pazuello. Essas vacinas estariam chegando agora! Agora ficamos aqui discutindo quem devemos botar na frente [da vacinação]. É algo que não pode existir. Há uma necessidade de fortalecermos o Plano Nacional de Imunização. Quem quer ser beneficiado logo pela vacina e tem muito dinheiro tem que ajudar no esforço do SUS. Isso é o que tem que ser feito”, apontou Renildo, criticando o projeto de compra por empresas particulares sem doar para o SUS.
A vacinação no país é realizada lentamente. O Brasil é o 56º lugar na comparação por números relativos, em doses aplicadas por cada 100 habitantes. Perde no ranking per capita para países menores como Israel, Ilhas Seychelles, Bahrein e Chile.
Já são mais de 350 mil óbitos por Covid-19. O país somou mais óbitos do que 133 países em um ano de pandemia. Embora tenha 2,7% da população mundial, o Brasil concentra 37% dos falecimentos.
Marcelo Queiroga já é o quarto ministro da Saúde no período da pandemia. O ministério da Saúde ficou sem titular por 4 meses, com Pazuello atuando como interino nesse período.
Para Renildo, “Bolsonaro não pode errar mais. É hora de apresentar soluções. A incapacidade do governo aumenta o descontrole do vírus.”
Renildo declarou ainda que “as trapalhadas do governo Bolsonaro agravam ainda mais a pandemia. Corremos o risco de não receber mais nenhuma dose da vacina da Pfizer, porque o Ministério da Saúde divulgou contrato confidencial com a farmacêutica americana na internet”.
O governo brasileiro pode ser acusado pela Pfizer de ter quebrado cláusula de confidencialidade ao publicar a íntegra do contrato para a compra de 100 milhões de doses de vacina.