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Defesa recorre à liberdade de imprensa”, ocultando o uso despudorado e criminoso de fake news por parte do bloqueiro bolsonarista. Alegam que exercia apenas a função como correspondente internacional na empresa Terça Livre TV
O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos apresentou, nesta quarta-feira (3), pedido de habeas corpus ao STF (Supremo Tribunal Federal), após ter sido alvo de ordem de prisão expedida pela própria Corte em 5 de outubro.
Ele ainda está foragido e vivendo nos Estados Unidos. Allan dos Santos publicou o documento no canal dele no Telegram, onde ainda faz postagens de ataques e provocações ao Supremo. Salvo melhor juízo, isso é um misto de cinismo, burrice e loucura, não necessariamente nesta ordem.
Claro, em situações assim é um direito constitucional buscar amparo legal. Mas não deixa de ser hilário e surreal perseguir a proteção da lei e, ao mesmo tempo, atacar a instituição em que o “paciente” busca essa proteção e salvaguarda.
Outro aspecto interessante dessas figuras que agora buscam as balizas protetivas do Estado Democrático de Direito é que dia sim e outro também, antes de “caírem em desgraça”, viviam, nas redes e nas ruas pedindo o fechamento do STF.
MAIS CONTRADIÇÕES EXPLÍCITAS
Certamente, por trás do blogueiro fujão há deputados da base governista ajudando-o. E o fazem na condição de parlamentar. Imaginem, pois, se o intento desses que também viviam pedindo o fechamento do Congresso tivesse tido sucesso. A quem Allan dos Santos iria recorrer?
No pedido, a defesa do blogueiro pede que a ordem de prisão seja suspensa, porque configura “por si só, um atentado à liberdade de imprensa”, alegando que Allan exercia apenas a função dele como correspondente internacional na empresa Terça Livre TV, no país norte-americano.
No mês passado, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão preventiva do blogueiro.
Ele também pediu ao Ministério da Justiça e ao Ministério das Relações Exteriores o início do processo de extradição do bolsonarista. Allan é investigado em dois inquéritos na Corte: um sobre a divulgação de notícias falsas e outro sobre atentados antidemocráticos.
ENTENDA O CASO
Na última semana de julho, investigadores suspeitaram que o blogueiro deixou o Brasil em voo comercial com destino ao México. A viagem teria ocorrido na última segunda-feira do mês. A informação de que Allan fugiu do País foi dada por ele na madrugada de 31 de julho, durante transmissão ao vivo na internet.
Na madrugada daquela sexta-feira de julho, em transmissão ao vivo organizada pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) — que também é alvo de investigações —, Allan disse ter deixado o país. Na época, Allan não era considerado foragido da Justiça.
Na ocasião, o jornal O Globo apurara que investigadores suspeitavam que ele havia deixado o Brasil em 27 de julho em voo com destino à Cidade do México. No canal do blogueiro no YouTube, a última participação dele ao vivo no programa Terça Livre foi em 24 de julho.
Ao detectarem a fuga, a PF ainda não sabia se o México seria o destino final ou se ele teria a intenção de viajar para outro país, como os Estados Unidos, para onde outro investigado no inquérito das fake news, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, também viajou, em junho.
No caso de Weintraub, ele foi indicado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para ocupar vaga de diretor-executivo do Banco Mundial. O mandato no cargo foi aprovado em 30 de julho.
Em 24 de julho, Allan foi alvo de decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a suspensão no Brasil e no exterior de contas ligadas ao grupo investigado no inquérito das fake news.
Segundo a decisão, a suspensão era necessária “para a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.
M. V.