O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que “nós precisamos fazer” o impeachment de Bolsonaro “por causa de todos os crimes que já foram cometidos. Não é uma questão de buscar qual foi o crime”.
“Tem alguns que, de uma forma cínica, dizem ‘não tem motivo’. Você pode não querer [o impeachment], diga que você não aceita, que você é muito prudente, que você prefere que ele sangre e derrotá-lo em 2022, mas não venha com essa cantilena que, evidentemente, é um absurdo. O que não faltam são crimes cometidos diuturnamente por Bolsonaro”, sentenciou.
Freire deu o exemplo das ameaças de Jair Bolsonaro às eleições de 2022 caso o voto impresso não seja aprovado, e os ataques ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso.
“Isso qualquer cidadão dizendo não significa nada, mas um presidente da República e um ministro da Defesa dizerem isso com toda a pompa evidente que caracteriza crime de responsabilidade e deveria estar sofrendo, por conta disso, um impeachment”, afirmou.
MANIFESTAÇÕES
O presidente do Cidadania disse que setores de esquerda e de direita devem se unir para realizar grandes manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro.
Freire, que tem participado das manifestações em Brasília, afirmou que nelas “muito pouco se fala” de impeachment “e fica no generalíssimo ‘Fora Bolsonaro’. Mas fora como? Não é fora em 2022, nós estamos nos manifestando porque é necessário para o país um impeachment agora”.
Para ele, “a agenda do impeachment só não está mais avançada, infelizmente, por conta da incompatibilidade entre as forças da esquerda, hegemonizada pelo PT, e de direita, que não querem participar junto das bandeiras vermelhas”.
“Lamentavelmente, eu tenho percebido que da parte de setores de esquerda parece que tem algo premeditado para impedir que essa unidade se dê”, continuou, em entrevista ao canal de Marco Antônio Villa no Youtube.
“Eu tenho participado de tudo quanto é manifestação, não importa quem convoque”.
Movimentos que foram protagonistas no impeachment de Dilma Rousseff (PT), como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua convocaram manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro para o dia 12 de setembro.
“Eu não acredito que eles vão impedir se eles chegarem com uma bandeira vermelha. Que entre! Que eles dêem essa demonstração para que a gente tenha reciprocidade e tenhamos grandes manifestações de unidade”, disse Roberto Freire.
O ex-deputado e ex-senador citou como positiva a participação do PSDB de São Paulo nas manifestações e as diversas declarações de João Amoedo, do Novo, a favor do impeachment. O grupo do PSDB foi agredido por militantes do PCO, mas os manifestantes presentes vaiaram a agressão.
FREIRE DEFENDE CANDIDATURA ALTERNATIVA
Roberto Freire vê como inédito na política brasileira a busca por uma candidatura que tente romper com a polarização, no caso “bolsonarista e lulista, dos populismos”, agregando “forças políticas de uma pluralidade imensa”.
“Em nenhum outro momento, em nenhuma outra eleição, se teve essa preocupação”, avaliou. Para ele, “sem dúvidas” haverá uma “terceira via” nas eleições presidenciais de 2022.
O grupo de partidos e políticos está procurando “a candidatura que possa melhor expressar esse amplo segmento que podemos caracterizar como despolarizado. Ou seja, não está nem com Bolsonaro e nem com a alternativa Lula”.
Bolsonaro é “um fascista” e Lula “é alguém que corrompeu-se e corrompeu muitos daqueles que eram valores importantes da esquerda brasileira”, disse.
“Não é vencer apenas isso, é vencer o atraso brasileiro do país ter perdido, inclusive antes desses governos, o dinamismo, de ter perdido a perspectiva de ter potencialmente alguém que pode participar desse mundo futuro”.
O presidente do Cidadania disse que estão sendo consideradas as candidaturas do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e da senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Entre os pontos de unidade estão a “defesa da democracia, contra o populismo”, “rejeição clara ao momento que estamos vivendo com o governo Bolsonaro” e, “ao mesmo tempo, um sentimento de que a volta do PT representa um retrocesso de trazer velhas práticas”, como a corrupção.
“Nunca se imaginou no Brasil que chegaríamos ao ponto de ter alguém [na Presidência] que não é só fascista, mas admite viver, inclusive, com raízes do nazismo”.
Bolsonaro acha muito bom “render homenagens a quem tem raízes nazistas, a quem nega o holocausto, que tem toda uma cultura obscurantista, atrasada e reacionária”
“Fora a incapacidade e a irresponsabilidade até criminosa no enfrentamento à pandemia, sem empatia e sem solidariedade”, continuou.
Por outro lado, os governos do PT fraudaram “toda uma grande expectativa com o desastre que foi, ao seu final, com a mais profunda recessão econômica que o Brasil já teve”.
“Não é apenas criar uma candidatura contra essa polarização populista, é uma construção de um futuro, em um Brasil que vem se tornando irrelevante”, disse.
Freire comentou a questão tecnológica, que não foi pautada nas últimas décadas e deixou o país no atraso.