Promoção configura flagrante crime eleitoral, foi interrompida no ato pela Justiça Eleitoral de Goiás. Yeda Batista da Silva morreu em consequência do tumulto. Ela teve a perna prensada na porta do frigorífico quando tentava entrar no comércio
O Procon de Goiás determinou um prazo de dez dias a contar desta quarta-feira (5) para que o Frigorífico Goiás preste esclarecimentos sobre uma campanha lançada pelo estabelecimento, no domingo (2) para venda do quilo da “Picanha do Mito”, que custaria R$ 129,99, por R$22.
Para ter o direito a comprar a “Picanha do Mito”, uma alusão ao candidato Jair Bolsonaro (PL), o consumidor teria que comparecer ao local usando a camisa da Seleção Brasileira. A decisão provocou um grande tumulto em torno do estabelecimento, resultando na morte de uma mulher.
A ultrajante promoção, que configura flagrante crime eleitoral, foi interrompida no ato pela Justiça Eleitoral de Goiás e o Procon foi acionando. Para agravar a situação, após a fiscalização, o órgão de defesa do consumidor identificou quase 50 quilos do produto em situação imprópria para consumo.
A carne apreendida estava sem refrigeração e sem informações sobre a data da embalagem e o prazo de validade. No frigorífico, além das irregularidades identificadas na picanha, outros 5,5 kg de carne boi obtida de outra parte do animal, e 10 unidades de tempero e suco de laranja, estavam fora do prazo de validade. Os alimentos vencidos foram descartados no local.
O Procon considerou que houve abuso sobre o consumidor e pediu a relação dos preços normais dos produtos. A empresa poderá ser multada em valores que variam entre R$ 754 e R$ 11 milhões. O órgão ainda pediu as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento feitas no último domingo, data da promoção.
Na terça-feira (4) o Ministério Público Federal pediu que a PF investigasse o estabelecimento mediante instauração de inquérito. A principal linha é apurar se houve crime eleitoral com o anúncio da promoção batizada pelo “mito” em pleno domingo de eleição. Além disso, pretende investigar possíveis crimes supostamente praticados pelos gestores que tenham resultado na tragédia noticiada.
Também foram solicitadas pelo órgão as imagens capturadas pelas câmeras de segurança do local durante a promoção, principalmente as do interior do estabelecimento.
Em entrevista ao portal G1, sob a condição de anonimato, um especialista em justiça eleitoral, informou que o desconto de mais de R$ 100 no kg de picanha pode ser configurado como um “incentivo” ao eleitor votar em Bolsonaro.
“Pode ser um elemento para incentivar o voto. Claro que deve ser analisado, mas pode ser configurado crime de corrupção eleitoral”, disse o especialista.
O quilo da picanha, um corte considerado de luxo, de uma carne nobre e pouco abundante na anatomia bovina – inacessível à maioria da população brasileira por seu elevado preço – estava sendo vendido pelo estabelecimento por R$ 22, enquanto que o preço médio nacional varia em torno de R$ 60.
Ainda no domingo, a Justiça Eleitoral de Goiás obrigou o açougue a encerrar a injuriosa promoção e apagar as postagens relativas à “picanha do mito”.
O marido de Yeda Batista da Silva, de 46 anos, que morreu em consequência do tumulto, contou que ela teve a perna prensada na porta do frigorífico quando tentava entrar no comércio.
A empresária sofria de uma doença autoimune que afetava os rins e a circulação de sangue no corpo. Segundo ele, Yara acabou sendo prensada contra uma porta, se sentiu mal e decidiu esperar por ele no carro.
Quando o homem voltou, percebeu que a perna da esposa estava muito inchada e ela reclamava muito de dor. O casal, então, voltou para casa e logo depois foi levada para o hospital. Ela foi transferida para o setor de angiologia, pois o problema era vascular. Porém, a vítimar não resistiu e morreu devido a uma hemorragia.
“Não imaginávamos que o machucado ia causar a morte dela. É uma perda grande, sem tamanho. A gente vivia em função dela, que organizava tudo para a família”, lamentou o esposo.
e pensar que existem imbecis que votam nesse esgoto(bolsonaro)!!