Em mais uma rejeição à manobra dos advogados de Keiko Fujimori para impedir a posse do vencedor das eleições presidenciais, Pedro Castillo, o Júri Nacional Eleitoral do Peru (JNE) rejeitou mais sete recursos dos que querem a nulidade de mesas de votação com resultados favoráveis ao candidato pela legenda Peru Livre. Desse modo, o total de rejeições subiu para 28, pois nos dias anteriores aconteceu o mesmo com outras 21 tentativas de anular votos.
Na contagem final da eleição presidencial do último dia 6 de junho, Castillo venceu com 50,12% dos votos, mas o partido fujimorista Força Popular, sem provar nada, apresentou recursos judiciais para anular 200 mil cédulas, alegando supostas assinaturas falsas nas mesas de votação, na maioria das áreas rurais que apoiaram o candidato progressista.
O advogado do Peru Livre, partido de Castillo, Aníbal Torres, declarou que o JNE deve terminar de resolver os recursos pendentes na próxima semana. Ele espera que o tribunal atue com rapidez, já que a posse está prevista, como manda a tradição no país, para o dia 28 de julho.
E esse não foi o único revés para o fujimorismo. Na terça-feira (29), o presidente Francisco Sagasti não recebeu Keiko Fujimori no Palácio do governo, que insiste em afirmar que houve “fraude” nas eleições presidenciais. O governo peruano, por sua vez, já declarou que não pretende intervir indevidamente no processo eleitoral e que só vai se pronunciar após a declaração final do JNE.
A filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori só teve acesso a um escritório administrativo do Palácio, onde deixou uma carta em que pede que Sagasti convoque organizações internacionais para revisar as eleições presidenciais.
E um grupo de políticos ligados à Keiko que viajou aos EUA para pedir à Organização dos Estados Americanos (OEA) para auditar as eleições também não conseguiu nenhum resultado em seus primeiros dias na capital norte-americana.
Pretendem que seus ‘indícios’ de suposta fraude, que não puderam fazer valer perante a justiça eleitoral por falta de provas, sejam investigados pela OEA, cuja missão de observadores na votação de 6 de junho emitiu um relatório que elogia o pleito e considera corretas as decisões da justiça eleitoral.
Tirando espaço às tentativas de golpe, a delegação da União Europeia (UE) presente no Peru durante as eleições divulgou um comunicado em que assinalou: “A UE e os Estados membros representados no Peru consideram que o processo eleitoral de 6 de junho foi livre e democrático”.
“Confiamos nas autoridades eleitorais para a solução dos litígios pendentes nos canais legais estabelecidos”, acrescentou, referindo-se aos pedidos de nulidade que estão a ser resolvidos pelo Júri Nacional de Eleições (JNE).