A greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que começou no dia 26 de novembro, já conta com a adesão de 70% dos cerca de 1900 jornalistas e radialistas.
A categoria reivindica a manutenção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que venceu este ano e a reposição da inflação do período de cerca de 16%. Em contrapartida, a EBC oferece 11%, além de se negar a pagar horas extras, tentando impor um banco de horas.
De acordo com o Sindicato dos Radialistas do Distrito Federal (Sinrad-DF), a empresa entrou com um pedido de dissídio na Justiça do Trabalho, na última quinta-feira (09), mas ainda não há deliberação sobre o pedido.
A EBC quer que ao menos 70% dos funcionários parados voltem ao trabalho, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia para cada um dos seis sindicatos que representam as categorias. São os sindicatos de jornalistas e dos radialistas de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, onde a empresa possui 1300, 200 e 400 trabalhadores, respectivamente.
Os sindicatos denunciam que a diretoria da EBC tem promovido práticas antissindicais através de assédio moral e tentativas de “manipular trabalhadores, com ameaças e ataques à livre organização sindical, mas os trabalhadores (as) se mantiveram firmes e se posicionando não aos cortes de direitos, não ao banco horas e não aos cortes salariais”.
Para tentar driblar a greve, no caso dos tradutores da EBC, a empresa está utilizando o sistema Google Tradutor, que faz traduções automáticas. No entanto, sem a edição e revisão dos textos, o portal tem publicado reportagens em espanhol e inglês com erros bizarros.
Entre os casos está a tradução da notícia sobre o júri popular do caso do incêndio da Boate Kiss, que culminou na morte de 242 pessoas em Santa Maria (RS). No site, o nome da casa noturna foi traduzido para “Besos em club nocturno”.
“A utilização deste recurso, da maneira como vem sendo feita, desqualifica o trabalho realizado há mais de uma década pelo Serviço de Língua Estrangeira, setor responsável de selecionar, contextualizar, preparar e traduzir matérias da Agência, em inglês e espanhol, tendo como alvo o público estrangeiro”, afirmam manifesto dos tradutores.
A direção da EBC quer, ainda, a volta de trabalhadores afastados que têm cargos nos sindicatos, como tentativa de retaliação e perseguição às lideranças da categoria. A lei garante ao trabalhador o direito de se afastar da atividade na empresa para atuar na construção sindical, recebendo os salários pagos pela EBC.
“Não aceitaremos esses ataques calados. Vamos à Justiça contra essa improbidade administrativa e contra a tentativa de interferir na livre organização sindical”, afirma nota do Sindicato dos Radialistas de São Paulo.