Os funcionários de Furnas Centrais Elétricas iniciaram na terça-feira, 31, uma greve de 72 horas pela saída do presidente da Eletrobras, Wilson Pinto Ferreira Júnior, alteração no cálculo da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e contra a tentativa de privatização da Eletrobras e de suas subsidiárias.
Enquanto por um lado o governo alega ineficiência do sistema Eletrobras, paga aos trabalhadores de Furnas uma PLR aquém do que foi acordado. O desmonte do sistema elétrico brasileiro já começa a aparecer, com o leilão da Companhia Energética do Piauí (Cepisa), gerida pelo sistema Eletrobras, pelo valor absolutamente simbólico de R$ 45,5 mil, abocanhada pela Equatorial Energia.
Segundo o boletim do Sindefurnas (Sindicato dos Eletricitários de Furnas), que representa cerca de 4,5 mil funcionários ligados à empresa, “o senhor Wilson Pinto tem defendido uma matemática estranha. Uma matemática que somente favorece os acionistas do mercado financeiro, corroborando a “rapinagem” nos resultados financeiros da Eletrobras e prejudicando os trabalhadores”.
E tudo isso, vale lembrar, com a Cepisa sendo vendida para a Equatorial Energia, que nada mais é do que um conglomerado de fundos e gestores de recursos estrangeiros como a americana BlackRock e a Squadra Investimentos, ambas especializadas em especular títulos e ações, a última com sede no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e o Banco Opportunity, muito conhecido aqui no Brasil, inclusive pela Polícia Federal.
O instituto Ilumina fez um levantamento sobre todos os investimentos da Eletrobras na Cepisa, que chegam a R$ 2,3 bilhões, o que torna ainda mais absurdo que a distribuidora seja “leiloada” pelo preço de um carro. Ao mesmo tempo, a direção de Furnas nega aos trabalhadores a participação nos lucros da empresa, já prevista em acordo efetuado no Tribunal Superior do Trabalho (TST) desde 2015: “que a Eletrobras reconheça que os trabalhadores de Furnas devem receber 1,4 da folha salarial para ser distribuída a título de PLR 2017, pois as metas operacionais e a meta financeira “EBITDA” impostas a Furnas, foram cumpridas integralmente”, aponta o sindicato.
O senhor Luiz Fernando, da Assessoria de Relações Trabalhistas e Sindicais da Eletrobras, chegou a pedir uma reunião com o sindicato para esta quarta. O Sindefurnas aponta que este encontro “deve ser no sentido de nos pagar aquilo que está pactuado junto ao TST desde 2015 e no Contrato de Metas e Desempenho Empresarial- CMDE, com os números que se encontram no balanço financeiro da empresa”.
“Nós fazemos essa empresa funcionar, mesmo com poucas pessoas, dando nossa contribuição para a manutenção e operação de sistemas estratégicos e importantes para o país, tanto nos equipamentos de usinas e subestações, como em rotinas operativas, administrativas, logísticas e meio ambientais. Somos uma grande empresa e não merecemos migalhas. Merecemos sim o solene respeito de nossos diretores e números exatos”, defendem os trabalhadores.
“A população pode ficar tranquila pois, embora a paralisação tenha adesão total dos funcionários, a participação na mobilização não é de 100% de modo a não afetar os trabalhos de operação e manutenção e, em consequência, o abastecimento de energia à população”, garante a entidade.
ANA CLÁUDIA