A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que o futuro político de Jair Bolsonaro está vinculado ao que for revelado pela quebra dos sigilos de 100 anos, que foram impostos pelo atual presidente a atos e informações pessoais de integrantes do governo.
“O futuro dele [Bolsonaro] depende do que descobrirmos nos sigilos de 100 anos, do destrinchamento de esquemas de corrupção, dos desfechos do relatório da CPI da Covid, que identificou uma série de irregularidades na condução da pandemia, da confirmação de suspeitas em relação a ele e a família”, disse.
“Em havendo confirmação das denúncias de corrupção, ele sofrerá desgaste”, declarou, em entrevista à revista “IstoÉ”, publicada nesta sexta-feira (18).
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a questão dos sigilos voltou à discussão. Em diversas oportunidades durante a campanha, Lula declarou que faria um “revogaço” das decisões logo no primeiro dia do novo governo.
Preocupada com os atos antidemocráticos promovidos por bolsonaristas desde as eleições, Tebet aponta a necessidade de seguir enfrentando a extrema-direita para além de Bolsonaro.
“A extrema direita saiu do gueto, do anonimato, do discurso envergonhado das bolhas das redes, para, lamentavelmente, se expor à luz sem nenhuma vergonha dos absurdos e retrocessos civilizatórios que defende. São retrocessos que precisam ser combatidos diariamente por todos os partidos democráticos do Brasil”, observou a senadora.
“Teremos muito trabalho. Mas com moderação, equilíbrio e diálogo e sem um gabinete do ódio financiando fake news, não tenho dúvidas que conseguiremos diminuir o espaço que eles hoje ocupam”, complementou.
Simone Tebet se referiu ainda aos atos golpistas como fruto de uma “ignorância política”.
“Há toda uma geração que nasceu pós-ditadura e não tem noção do que pede. Quando eles reivindicam a intervenção militar, não percebem que estão pedindo para viver num país onde qualquer um pode ser preso sem direito a habeas corpus, advogado ou a sair vivo da cadeia. Quando pedem intervenção militar, mal sabem que estão pedindo para não ter eleição para presidente da República ou liberdade de expressão”, pontuou.
A senadora, que foi candidata a presidente da República, ficou em terceiro lugar e anunciou apoio a Lula no segundo turno, está participando da equipe de transição do futuro governo na área de desenvolvimento social e defende o fortalecimento de políticas públicas de inclusão.
“Temos dois grandes relatórios a entregar: um até dia 30 de novembro, com o diagnóstico parcial do cenário, e outro até 12 de dezembro, com sugestões. O que há de sinergia? Nenhuma família pode passar fome no Brasil”, afirmou.
Para a senadora, o programa Auxílio Brasil criado na gestão de Bolsonaro foi “mal gestado e eleitoreiro que destruiu o CadÚnico”. “O sistema terá de ser recuperado, porque é ele que identifica, por meio de análises de perfis, quem está abaixo da linha da miséria, quantos são, em qual faixa do programa podem ser incorporados”, observou.
“O Bolsa Família volta com as condicionantes, sendo eficiente, e vai para as pessoas que mais precisam”, ressaltou Tebet.