O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, disse que juízes podem ter suas religiões, mas “o Estado é laico”.
A afirmação é alusão ao novo ministro, André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro exclusivamente por ser “terrivelmente evangélico”.
“Quando [os ministros] assumem, se tornam juízes da Constituição e terão que zelar pela Constituição. A laicidade do Estado não permite que defendam apenas valores religiosos”, declarou Fux.
Segundo ele, “os juízes podem ter as suas opções, podem ser casados, ter filhas, netos. O juiz não pode levar para o julgado os seus valores que não são valores constitucionais. O Estado é laico. Você pode acreditar no que você quiser, mas eu sou juiz da Constituição”.
O presidente do STF disse ainda que nenhum ministro “irá introjetar valores evangélicos extremos nas decisões”.
Durante a sabatina no Senado, André Mendonça até tentou esconder o motivo religioso por trás de sua indicação.
Logo em seguida, porém, voltou a mostrar a que veio. Na quarta-feira (8), ele conduziu um culto evangélico dentro da Câmara dos Deputados e falou que sua aprovação só aconteceu porque pastores, integrantes da Frente Parlamentar Evangélica e fiéis evangélicos se uniram “numa mesma mente, num só propósito, no mesmo amor”.
Repetiu a dose ao participar de um culto na quinta-feira (9) na igreja do pastor Silas Malafaia. O culto foi realizado na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, na zona norte do Rio.
Segundo Mendonça, a participação no evento religioso foi para “agradecer a Deus pela sua aprovação” por ganhar a cadeira no Supremo.
“Eu vim na igreja certa: Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no culto da vitória, após uma grande vitória que Deus nos preparou”, disse Mendonça, após subir ao púlpito sob aplausos.