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“Ou pagamos combustível ou a carne”, denuncia Humberto Furtado, presidente do Sindicato de Mototaxistas de Marechal Thaumaturgo
Com o reajuste no preço dos combustíveis anunciado pelo governo na última quinta-feira, o litro da gasolina já é vendido a mais de R$ 11 no Acre, um dos mais caros do país. O preço do petróleo baseado no dólar, é hoje o parâmetro imposto pelo governo Bolsonaro para reajustes dos combustíveis no Brasil.
Com essa política, chamada de Preço por Paridade Internacional (PPI), os reajustes chegaram a 18,8% da gasolina 24,9% do diesel e 16% do gás de cozinha.
Em alguns municípios mais isolados, como o município de Jordão (AC) a chegada dos combustíveis depende do transporte aéreo e fluvial. De acordo com matéria do jornal O Globo, o vice-prefeito Fernando Siã (PDT) explicou que o transporte pelo rio Tarauacá pode demorar de oito a dez dias, o que reflete no preço observado em postos.
Na cidade os preços já chegaram a R$ 11,56. A cidade também enfrenta a falta de combustível e ainda não há previsão para que o cenário se normalize.
Em outro município acreano, Marechal Thaumaturgo, na fronteira do Brasil com o Peru, o litro da gasolina é vendido a R$ 10, 55 no único posto terrestre da cidade. No início do ano passado, a cidade virou notícia nacional após a série de reajustes consecutivos no preço dos combustíveis – provocada pela já utilização da PPI no preço dos combustíveis – quando o valor do litro da gasolina nos postos chegou a bater R$ 8,20.
Em declaração à reportagem do O Globo, o mototaxista Humberto Furtado, de 46 anos, presidente do Sindicato de Mototaxistas de Marechal Thaumaturgo, afirmou que nunca viu valor tão alto desde que começou a exercer a profissão em 2011. Seu faturamento chegou a cair pela metade nos últimos dias e por vezes tem de escolher entre abastecer ou comprar comida.
“Num dia põe gasolina, no outro compra carne. Está difícil trabalhar. A gente tem pena do consumidor, que não tem como pagar as corridas. Vamos aguentando mesmo sem poder”, disse Humberto, que também trabalha como vigia para complementar renda.
“É o preço mais alto que já aconteceu aqui até hoje. Até há pouco tempo, com 20 reais dava para comprar cinco litros. Agora não dá para comprar nem dois — afirmou o mototaxista. A gente é obrigado a tentar trabalhar, não tem muito outro meio. Os comerciantes também não têm muito o que fazer. Não culpo o comerciante, culpo o governo”, conclui Humberto.